Navegando por Palavras-chave "Fuga"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Fuga e assimilação em Plotino: questões de ética e metafísica nas Enéadas(Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2013-11) Gomes, Rafael Vieira [UNIFESP]; Marsola, Maurício Pagotto [UNIFESP]; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)No Teeteto (176 b), Platão disse que, já que os males residem “aqui” e rondam necessariamente essa região perecível, e já que desejamos fugir dos males, é preciso “fugir daqui”. Essa fuga, segundo ele, consiste em assemelhar-se a deus. Plotino, em sua exegese do texto platônico, retoma literalmente essa afirmação e a incorpora em sua filosofia. Sua interpretação e concepção filosófica desse aspecto ético da tradição platônica parece corresponder a certa “chave” para compreender e penetrar o percurso da conversão (epistrophé) da alma, de sua dispersão na multiplicidade (ou “queda” nos vícios e males) à sua Assimilação e unificação com o princípio que, por ser fonte de máxima unidade, plenitude, conhecimento e felicidade da alma é, por isso, sua verdadeira meta e seu mais profundo “objeto” de amor e desejo. Portanto, é preciso fugir dos males, em um movimento de conversão e Assimilação a deus (homoíosis theôi), que, em Plotino, corresponde a um retorno e a uma entrada no mais profundo e íntimo de si mesmo. Entretanto, seguindo de perto Platão, se os males residem aqui, para fugir dos males é preciso “fugir daqui”. Ora, perguntamo-nos: o que, em Plotino, significa realmente essa Fuga? É bastante conhecida certa interpretação contemporânea que entende a moral platônica como uma forma de fuga e negação do corpo, do mundo e dos sentidos. Alguns filósofos, assim como alguns historiadores da filosofia, também parecem ter entendido literalmente essa expressão retomada por Plotino. Entretanto, a despeito dessa interpretação e do debate com seus defensores, desejamos apenas compreender esse aspecto da filosofia plotiniana principalmente a partir de seu próprio texto: afinal, trata-se de uma proposta de evasão e de negação do corpo e do mundo, ou há outra leitura possível? Se, paralelamente ao tema da Fuga, estudarmos alguns pontos estratégicos para a compreensão mais ampla do percurso conversivo veremos que paradoxalmente Plotino não apenas valoriza o corpo, o mundo e a experiência sensível, mas os concebe como meios para a Assimilação ao inteligível. Por conseguinte, se fugir daqui consiste em assemelhar-se a deus, essa Assimilação é a finalidade última dessa Fuga. De modo que Fuga e Assimilação aparecem como conceitos interdependentes. Todavia, qual é a natureza dessa Assimilação (homoíosis)? Trata-se apenas de imitar e tornar-se semelhante ao divino, ou esse termo guarda, em Plotino, ainda um sentido mais ousado e mais profundo? Segundo nossa interpretação, a assemelhação como imitação e aproximação ao divino, por meio das virtudes e da dialética, é uma etapa ainda propedêutica da Assimilação propriamente dita. E é essa passagem de um nível discursivo e propedêutico – de imitação e preparação – para a “visão” e a “experiência” imediata do divino – como “unificação”, “contato” e “união extática” e “mística” – que completa o itinerário filosófico da conversão da alma, condensado em sua interpretação desses dois conceitos complementares e convergentes.
- ItemSomente MetadadadosParticipação dos receptores serotonérgicos 1a e 2a do hipotálamo dorsomedial em diferentes respostas comportamentais de defesa(Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 2014-02-12) Nascimento, Juliana Olivetti Guimarães [UNIFESP]; Viana, Milena de Barros [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/3053794724319601; Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)O estudo da fisiopatologia da ansiedade tem, nos últimos anos, dedicado atenção considerável ao envolvimento de diferentes sistemas neuroquímicos na gênese de respostas a estímulos aversivos. A participação do sistema serotonérgico tem sido ressaltada pela eficácia clínica em diferentes transtornos de ansiedade de compostos farmacológicos que interferem com esse sistema de neurotransmissão. O objetivo deste trabalho foi investigar a modulação exercida pelo sistema serotonérgico de um núcleo hipotalâmico implicado com a defesa, o núcleo dorsomedial (HDM). Tem sido demonstrado que a administração de agonistas glutamatérgicos e de antagonistas GABAérgicos intra-HDM induz comportamento de fuga à semelhança do observado com a estimulação elétrica do núcleo. Corroborando estas observações, um estudo prévio realizado por nosso grupo de pesquisa demonstrou que a inativação reversível do HDM prejudica as respostas de fuga induzidas por uma situação mais naturalística: a fuga de um dos braços abertos do modelo do labirinto em T elevado (LTE). Além da fuga, o LTE também permite a medida de uma resposta relacionada à inibição comportamental (a esquiva inibitória dos braços abertos do modelo). Essas respostas vêm sendo respectivamente associadas, em termos de psicopatologia, ao transtorno do pânico e ao transtorno da ansiedade generalizada. No presente estudo, ratos Wistar machos foram administrados intra-HDM com drogas que atuam sobre receptores serotonérgicos do tipo 1A (agonista 1A/7 8-OH-DPAT e antagonista 1A WAY 100635) e 2A (agonista 2A DOI) e, em seguida, submetidos ao LTE. Foi também investigado se a administração sistêmica crônica de imipramina alterava os efeitos panicolíticos da administração de 8-OH-DPAT intra-HDM. Para investigar o efeito das drogas sobre a atividade exploratória, todos os animais foram testados em um campo aberto após os testes com o LTE. Os resultados obtidos com o 8-OH-DPAT confirmaram a participação dos receptores do tipo 1A em um subtipo específico de resposta comportamental de defesa, a fuga, em termos clínicos relacionada ao xii 13 transtorno do pânico. Nossos resultados também demonstraram que o tratamento prévio com o antagonista de receptores 1A WAY-100635 bloqueia os efeitos panicolíticos obtidos com o 8-OH-DPAT, embora por si só, o WAY não exerça efeitos significativos nesta mesma medida comportamental de defesa. Similarmente aos resultados obtidos com o 8-OH-DPAT intra-HDM, o tratamento sistêmico com a imipramina prejudicou as respostas de fuga dos braços abertos do LTE, um efeito panicolítico. Ademais, a droga potencializou o efeito panicolítico observado com o 8-OH-DPAT. Nenhuma das drogas utilizadas alterou significativamente as latências de esquiva ou as medidas realizadas no modelo do campo aberto, o que nos permite concluir que os resultados obtidos não se encontram relacionados a possíveis alterações motoras. Tendo em vista os resultados obtidos, é possível afirmar que a facilitação da neurotransmissão mediada por receptores serotonérgicos do tipo 1A no HDM possivelmente encontra-se envolvida com o mecanismo de ação de drogas panicolíticas. Estes resultados colaboram para um melhor entendimento da neurobiologia da ansiedade e da fisiopatologia do transtorno do pânico.