Navegando por Palavras-chave "Peptideos celula-penetrante"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Uso da crotamina, uma toxina isolada da peçonha da cascavel crotalus durissus terrificus, na terapia da disfunção renal(Universidade Federal de São Paulo, 2022-03-23) Campeiro, Joana Darc [UNIFESP]; Hayashi, Mirian Akemi Furuie [UNIFESP]; van den Born, Jacob C; http://lattes.cnpq.br/5559309395232147; http://lattes.cnpq.br/2162453181804067A doença renal crônica é um importante problema de saúde pública, que afeta em torno de 10% da população mundial e que determina aproximadamente 1 milhão de mortes por ano, devido principalmente à falta de acesso ao tratamento adequado especialmente em países de baixa renda. A perda da função renal está frequentemente associada à fibrose túbulo-intersticial, e as células epiteliais do túbulo proximal (CETPs) desempenham um papel crucial para a sua progressão. Embora as abordagens existentes sejam eficazes para o retardo desta doença renal terminal, ainda não há cura para a fibrose renal, possivelmente porque os tratamentos atuais atuem principalmente a nível vascular e glomerular, mas não a nível tubular. Neste projeto, propomos estudar estratégias de intervenção específicas para as CETPs, visando modular a expressão de genes específicos e/ou de proteínas terapêuticas que possam retardar a perda da função renal. Mais especificamente, propomos avaliar a viabilidade de uso da crotamina como vetor de transporte direcionado para a terapia de disfunções renais. A crotamina é um polipeptídeo célula penetrante originalmente isolado da peçonha da cascavel Crotalus durissus terrificus, que é internalizada por diversos tipos celulares e com capacidade comprovada de transportar genes para o interior das células in vitro e in vivo. Neste projeto demonstramos que a injeção intraperitoneal (IP) em camundongos saudáveis leva a um acúmulo preferencial da crotamina nos rins, mais especificamente nas CETPs. Demonstramos ainda a ausência de efeitos tóxicos evidentes após o tratamento prolongado por via IP com baixas doses da crotamina (1 μg/animal/dia), por até 21 dias, visto que não foram observadas alterações significativas na massa corpórea, nos marcadores bioquímicos de função renal e nas análises histopatológicas dos tecidos de animais tratados comparados aos controles que receberam veículo. Foi demonstrado pela primeira vez aqui o potencial de uso da crotamina como um carreador não-viral de moléculas terapêuticas para o tratamento de disfunções renais, já que o complexo formado pela crotamina-siRNA (do inglês, small interfering RNA) mostrou-se resistente à degradação por nucleases e com especificidade e internalização seletiva pelas CETPs tanto in vitro quanto in vivo, como demonstrado para a crotamina livre não-complexada também. Adicionalmente o complexo crotamina-siRNA para sindecan-1 suprimiu eficientemente a expressão do proteoglicano sindecan-1, que é super-expresso nos túbulos proximais em condições de lesão renal, contribuindo então para a ativação da via alternativa do sistema complemento e levando à fibrose tubulointersticial. A supressão direcionada de sindecan-1 em CETPs pode potencialmente reduzir a ativação do processo inflamatório e a progressão da injúria renal. Portanto, os resultados aqui apresentados nos permitem sugerir que a viabilidade do emprego in vivo do complexo crotamina-siRNA pode abrir novos caminhos para a terapia gênica direcionada para doenças renais, mais precisamente, em tubulopatias.