Navegando por Palavras-chave "linfocitose B monoclonal"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Avaliação biológica e clínica da linfocitose B monoclonal em seus diferentes estágios: baixa contagem, alta contagem e leucemia linfocítica crônica(Universidade Federal de São Paulo, 2023-11-09) Gonçalves, Juliana Maria Martins [UNIFESP]; Sandes, Alex Freire [UNIFESP]; Silva, Celso Arrais Rodrigues da [UNIFESP]; Gonçalves, Matheus Vescovi [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/9252089988474953; http://lattes.cnpq.br/6962573800002763; http://lattes.cnpq.br/3068321544719667; http://lattes.cnpq.br/9279187798348833Introdução. A linfocitose B monoclonal (LBM) é uma condição hematológica assintomática caracterizada pela presença de expansão clonal de células B no sangue periférico <5000/mm³ por pelo menos 3 meses e pode ser dividida em baixa (linfócitos B clonais inferior 500/mm³) e alta contagem (≥500/mm³ linfócitos clonais). Este clone pode apresentar 3 fenótipos distintos: o mais comum (75%) é semelhante ao da leucemia linfocítica crônica (LLC), ou LLC-símile, CD5+, CD19+, CD20+ fraco, CD23+, imunoglobulina de superfície (sIg) reduzida, CD79b+ fraco, CD22 fraco e FMC7 negativo; o segundo perfil mais comum apresenta CD20+ forte, sIg+ forte e CD23, chamado de LBM atípica; e o terceiro, menos frequente, CD5-, CD19+, CD20+, sIg+ forte, relação kappa lambda (K:L) alterada, chamado de CD5-negativo. Sabe-se que todos os casos de LLC são precedidos por LBM. A prevalência da LBM é de 0.2% a 0.3% em indivíduos abaixo de 40 anos, pode aumentar para 3.5% a 6.7% em indivíduos entre 40 e 60 anos, e nos indivíduos >60 anos pode variar entre 5% e 9%. A LBM-baixa tem baixo risco de progressão para LLC. A LBM-alta representa expressiva maioria dos casos de LBM, cerca de 85%. A progressão para LLC está relacionada a uma condição complexa que envolve fatores genéticos e micro ambientais. O status da mutação somática do gene IGHV é considerado um importante marcador biológico. Defeitos na imunidade inata e adaptativa parecem ocorrer precocemente na LBM, como hipogamaglobulinemia e redução dos linfócitos B normais. Células T CD8+ podem apresentar expansão oligoclonal, atuando como imunidade adaptativa. Até o momento dados de vida real de pacientes com LBM no Brasil ou em países da América Latina são escassos. Neste estudo avaliamos de forma retrospectiva pacientes residentes no Brasil submetidos a exame de imunofenotipagem de sangue periférico no laboratório Fleury compatível com LBM CD5+. Material e métodos. Foram avaliados 199 pacientes com diagnóstico de LBM no período de 01 janeiro de 1997 até 31 de agosto de 2019 em relação a variáveis clínicas, biológicas, sobrevida livre de progressão (SLP) para LLC, sobrevida livre de tratamento (SLT) e sobrevida global (SG), além de pareamento de dados com o Registro Brasileiro de LLC (RBLLC). Resultados. 106 (53%) pacientes eram homens e 93 mulheres (47%). O tamanho do clone LBM variou de 1 a 4873 linfócitos/mm³, com mediana de 2757 linfócitos/mm³. A idade dos pacientes variou entre 21 e 103 anos, com mediana de 68 anos. 34 (17%) pacientes eram LBM-baixa e 165 (83%) LBM-alta. A mediana de idade na LBM-baixa foi de 69 anos e na LBM-alta de 67 anos. Das variáveis clínicas analisadas a linfocitose absoluta apresentou significância estatística (p<0,001), assim como a distribuição proporcional entre o número total de linfócitos e o tamanho do clone LBM. A pesquisa da hipermutação somática do gene IGHV foi realizada em 6,5% dos pacientes, todos eram LBM-alta. O FISH para LLC foi realizado em 12% dos pacientes, dos quais 55% apresentavam deleção do 13q, 35% trissomia do cromossomo 12 e nenhum com deleção do 17p. Nenhum paciente LBM-baixa progrediu para LLC. A SLP em 5 anos foi de 52% na LBM-alta, com significância estatística para o número de linfócitos totais, relação entre linfócitos B normais e linfócitos totais (ILBN) < 2% e o número de linfócitos B normais. 37,2% pacientes progrediram para LLC, destes 21,6% precisaram de tratamento, com SLT de 92% em 5 anos. 41 (20,6%) pacientes faleceram durante o seguimento. A SG em 5 anos foi de 84%. As variáveis idade >65 anos e o ILBN <2% tiveram significância estatística na SG. A análise conjunta com os pacientes do RBLLC mostrou SLT e SG mostrou significância estatística em relação à contagem absoluta de linfócitos < ou ≥30.000/mm³. Conclusão. O número absoluto de linfócitos, o tamanho do clone de linfócitos B e o ILBN, associados a fatores biológicos da doença, são importantes para definir SLT e SG e devem ser incluídos em escores prognósticos para LBM. Os valores de corte de linfocitose absoluta atualmente utilizados parecem não ser a melhor opção para correlação clínica com tempo para primeiro tratamento, novos valores devem ser validados.