Perfil clínico e antropométrico de crianças subnutridas em tratamento em regime de hospital-dia no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN) de 2002 a 2013
Data
2015-04-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
As principais repercussões da subnutrição infantil em curto prazo são a maior susceptibilidade a processos infecciosos e o aumento da mortalidade infantil (Black 2013). O risco de morte por diarreia em crianças (< 5 anos) é 4,6 vezes maior quando a mesma apresenta baixa estatura ou nanismo grave (estatura para idade: E/I < -3 escores z) e 9,5 vezes maior quando a criança apresenta magreza grave (peso para idade: P/I < -3 escore z). Com relação à pneumonia o risco de morte é 3,2 vezes maior e 6,4 vezes maior em crianças com baixa estatura e magreza graves respectivamente (Black e cols., 2008). O presente estudo avaliou em um primeiro momento, em uma subamostra de 57 indivíduos, o impacto de fatores socioeconômicos, maternos, frequência ao tratamento e frequência de infecções, parasitoses e anemia no incremento de estatura para idade (E/I) em crianças (< 5 anos) submetidas a tratamento em hospital-dia no Centro de Recuperação e Educação Nutricional. Doenças respiratórias superiores foram as mais frequentes com associação positiva com a gravidade da subnutrição (p=0,035) e a idade na admissão (p=0,001). Em análise de regressão linear múltipla, foram fatores preditivos (p < 0,05) para maior incremento de E/I a gravidade da subnutrição, o baixo nível de hemoglobina, a precária renda familiar e a frequência no serviço. Em um segundo momento avaliou-se a evolução da recuperação da baixa estatura, das crises de sibilância e dos processos infecciosos ao longo do tempo de 190 pacientes. O objetivo foi avaliar a influência das morbidades no incremento de E/I. Foram utilizadas razão de prevalência e modelos e efeitos mistos. Observou-se uma relação quadrática estatisticamente significante para o índice E/I ao longo do tempo (p = 0,002). Estes achados mostram que um maior incremento de E/I ocorreu no primeiro ano de recuperação. A prevalência de Infecções de Vias Aéreas Superiores (IVAS) aumentou no segundo semestre de seguimento, com razão de prevalência maior que 1. A prevalência dos episódios de sibilância aumentou no terceiro semestre de seguimento. Apesar de observar-se aumento na prevalência das IVAS e episódios de sibilância nos primeiros três semestres de tratamento, as pneumonias se comportaram diferentemente. Esta última doença mostrou uma queda evidente desde o início do tratamento. Com relação às infecções do trato gastrointestinal (ITGI), houve uma redução na prevalência no segundo semestre, no entanto nos semestres subsequentes não houve redução significante. Com relação à variação da prevalência da baixa estatura ao longo do tempo, comparando cada semestre com o semestre anterior, observou-se que a maior queda ocorreu no segundo semestre em comparação ao primeiro. No entanto uma redução da prevalencia da baixa estatura foi observada em todo o período do estudo. Ao se ajustar o modelo para as infecções e crises de sibilância, também mudanças significativas foram observadas na frequencia da baixa estatura moderada e grave ao longo do tempo (RP = 0,84; IC 95% 0,77 ? 0,93 no 2º semestre; RP = 0,69; IC 95% 0,69 ? 0,87 no 3º semestre; RP = 0,62; IC 95% 0,53 ? 0,73 no 4º semestre; RP = 0,49; IC 95% 0,38 ? 0,63 no 5º semestre). Este estudo nos permite concluir que o paciente mais vulnerável nutricionalmente, com menores índices de estatura para idade e taxa de hemoglobina na admissão, assim como maior risco socioeconômico de acordo com a renda per capita, apresentou maior incremento de E/I. Ainda, um fator fortemente associado à recuperação de E/I foi a maior frequência ao tratamento. Outro aspecto importante foi que a despeito das elevadas taxas de infecção encontrada nestes pacientes, houve recuperação da estatura e que ela foi mais evidente no segundo semestre de tratamento, mas se manteve durante todo o tratamento.
Descrição
Citação
ALBUQUERQUE, Maria Paula de. Perfil clínico e antropométrico de crianças subnutridas em tratamento em regime de hospital-dia no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN) de 2002 a 2013. 2015. 99 f. Tese (Doutorado em Endocrinologia Clínica) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.