Fatores de risco para a letalidade em infeccoes da corrente sanguinea por Enterobacter spp

Data
2012
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introdução: As especies de Enterobacter apresentam capacidade notavel de adquirir resistencia e tem-se tornado um problema emergente no ambiente hospitalar, pois sao agentes cada vez mais frequentes de infeccao e colonizacao. Considerando que a resistencia bacteriana dificulta a terapia empirica inicial, os mecanismos de resistencia podem exercer grande influencia na evolucao clinica dos pacientes, sobretudo em infeccoes graves, tais como as infeccoes da corrente sanguinea. Objetivos: Descrever os fatores de risco associados a letalidade nas infeccoes da corrente sanguinea por Enterobacter spp., avaliar o perfil de resistencia desse agente e a presenca da producao de betalactamase de espectro expandido, por meio de metodo fenotipico. Metodos: Um estudo de coorte retrospectivo compreendendo o periodo de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2005 foi conduzido em um hospital terciario universitario, de 770 leitos, em São Paulo. Os pacientes com infeccoes da corrente sanguinea foram identificados a partir das fichas clinicas coletadas pelo servico de racionalizacao do uso de antimicrobianos. Para a coleta de informacoes adicionais foi realizada a revisao dos prontuarios. Foi considerado apenas o primeiro episodio de bacteremia nos pacientes com varias hemoculturas com o mesmo agente. Das cepas disponiveis no laboratorio especial de microbiologia clinica foram realizadas reidentificacao por meio de metodo automatizado BD PHOENIX 5.1 (Becton Dickinson® Diagnostic Systems, Sparks, MD 21152,USA) e identificacao fenotipica de betalactamase de espectro expandido por disco aproximacao, apos inibicao de AmpC pela cloxacilina. Resultados: Foram incluidas 199 bacteremias por Enterobacter spp.. Destas, 94 cepas estavam disponiveis e possivelmente 16,0% (15/94) delas apresentavam como mecanismo de resistencia a producao de betalactamase de espectro expandido e 14,0% (13/94), betalactamase do tipo AmpC. Para avaliar o impacto dessa infeccao na letalidade dos pacientes foram excluidas as infeccoes de origem comunitaria, polimicrobiana e as que ocorreram em pacientes menores de 18 anos. Permaneceram 88 infeccoes da corrente sanguinea na analise. Os pacientes que evoluiram para obito estavam com maior frequencia em unidades de terapia intensiva no momento da bacteremia (47,2% versus 19,2%, p=0,005); apresentavam choque septico (71,4% versus 11,7%, p=0,0001); em uso de dispositivos invasivos (CVC, SVD ou VM) (35,6% versus 20,7%, p=0,154); escore de comorbidade de Charlson maior ou igual a tres (40,0% versus 25,9%, p=0,173), sendo esse episodio secundario a outro foco de infeccao (39,3% versus 15,6%, p=0,021); utilizaram previamente glicopeptideos (50,0% versus 25,7%, p=0,046), penicilinas (57,1% versus 28,4%, p=0,114), cefalosporinas de terceira geracao (45,0% versus 26,5%, p=0,114), e macrolideos (100,0% versus 29,9%, p=0,131). Tambem teve significancia estatistica a idade quando estratificada por faixa etaria (p=0,001) e tempo de inicio (em horas) da terapia adequada (p=0,018). O uso de terapia empirica apropriada entre sobreviventes e nao sobreviventes nao foi estatisticamente significante, entretanto a terapia definitiva apropriada apresentou diferenca entre esses dois grupos (p=0,027). Os fatores de risco independentes associados a letalidade por meio de regressao logistica multipla foram: choque septico no momento da bacteremia (OR 26,6; IC 6,06-117,28; p<0,001), utilizacao de ventilacao mecanica (OR 4,4; IC 1,14-17,34; p=0,031), escore de Charlson maior ou igual a tres (OR 4,4; IC 1,04-18,94; p=0,044). A bacteremia primaria foi fator protetor ao obito (OR 0,19; IC 0,03-0,98; p=0,048). Conclusoes: Os fatores de risco para a letalidade foram choque septico, uso de ventilacao mecanica, escore de Charlson maior ou igual a tres. Nao houve impacto na letalidade, a presenca de resistencia a cefalosporina de terceira geracao e terapia antimicrobiana inadequada. Esses achados demonstram que, possivelmente, a gravidade da infeccao aguda e o prognostico da doenca de base sejam os reais determinantes do prognostico para esse tipo de infeccao e o pior desfecho nao esteja associado ao agente
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São Paulo: [s.n.], 2012. 122 p.
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