Neurogênese, astrocitose e perda celular no hipocampo de pacientes com encefalite de Rasmussen
Data
2016-03-06
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Rasmussen encephalitis is a serious neurological disease that affects children in early childhood and is considered to have an autoimmune origin. It usually affects only one of the cerebral hemispheres. Their neuropathological features include the presence of microglial nodules and colonization by T lymphocytes in the lesion area. These brain tissue alterations are related to neuronal death and with progressive loss of cognitive and motor functions and other events directly associated to the most affected brain areas. The antiepileptic drug treatment has little influence in seizure control what makes surgical treatment an interesting alternative. The presence of significant inflammatory process, and its relation to the mechanisms underlying epileptogenesis, reveals neurogenesis as an interesting pathophysiological focus that deserves to be investigated, since it is strongly influenced by inflammation and epileptogenesis. Work carried out in recent decades indicates that epileptogenesis, or even the mere occurrence of epileptic seizures, increases hippocampal neurogenesis, whereas inflammation tends to decrease it, since the colonization of brain parenchyma by strains of lymphocytes has been considered to inhibit neurogenesis. Thus, the focus of this thesis addresses the core parameters of relevance to the histopathological study of hippocampal tissue obtained from surgical treatment of Rasmussen's encephalitis patients, ie, the number of neurons and astrocytes, as well as the study of proteins related to neurogenic function. For the control group, it was used brain tissue of people that died for reasons unrelated to neurological diseases. The analysis of hippocampal cellularity revealed no difference between the number of neurons in hippocampal sectors in comparison to the control. Astrocitopenia was observed in hippocampal CA4 region and in the dentate gyrus. The occurrence of pluripotent cells by anti-Sox2 Immunohistochemistry revealed no difference between patients with encephalitis Rasmussen and control cases, while the proliferative rate observed by anti-Ki-67 immunostaining was higher in patients with encephalitis Rasmussen. The intermediate neurofilament (nestin) expression and its co-localization with SSIII-tubulin and BDNF, was more prominent in the hippocampus of patients with Rasmussen Encephalitis. However, these cells showed no co-localization with the other markers. The expression of BDNF was found to be exacerbated in mature hippocampal neurons of patients with Rasmussen's encephalitis, but not in newly generated cells.
A Encefalite de Rasmussen é uma doença neurológica grave que acomete crianças e se caracteriza por ser, provavelmente, de caráter autoimune, com imunidade mediada por linfócitos T e que geralmente acomete apenas um dos hemisférios cerebrais. As alterações teciduais induzem a morte neuronal com consequente perda progressiva das funções cognitivas, motoras e outras manifestações diretamente relacionadas às áreas cerebrais mais afetadas. O tratamento medicamentoso antiepiléptico mostra-se ineficaz no controle das crises o que torna o tratamento cirúrgico uma alternativa interessante. A presença de processo inflamatório significativo, e sua relação com os mecanismos subjacentes à epileptogênese, centralizam a neurogênese como um aspecto fisiopatológico interessante para investigação na encefalite de Rasmussen. Trabalhos realizados nas últimas décadas indicam que a epileptogênese, ou mesmo a simples ocorrência de crises epilépticas, aumentam a neurogênese hipocampal, enquanto que inflamação tende a diminuí-la, pois a colonização do parênquima cerebral por linhagens de linfócitos tem sido considerada como um fator que inibe neurogênese. Assim, o foco dessa tese dirigiu-se à investigar parâmetros histopatológicos do tecido hipocampal oriundo de cirurgia em pacientes com encefalite de Rasmussen, como número de neurônios e de astrócitos, bem como o estudo das proteínas relacionadas à função neurogênica. Para compro o grupo controle foi usado tecido cerebral de pessoas que vieram a óbito por razões não relacionadas a doenças neurológicas. A análise da celularidade hipocampal revelou que não houve diferença do número de neurônios nos setores hipocampais analisados em comparação ao controle. Houve astrocitopenia nos setores CA4 hipocampal e no giro dentado. A análise de pluripotência celular através de imunohistoquímica anti-Sox2 revelou que não houve diferença entre os pacientes com encefalite de Rasmussen e os casos controles, enquanto que a taxa proliferativa, analisada através de imunomarcação anti-Ki-67, foi maior nos pacientes com encefalite de Rasmussen. A expressão do neurofilamento intermediário nestina, e sua colocalização com proteína ßIII-tubulina e a neurotrofina BDNF, foi mais proeminente no hipocampo de pacientes com encefalite de Rasmussen. Entretanto, essas células não apresentaram colocalização com os demais marcadores estudados. A expressão do BDNF mostrou-se exacerbada em neurônios maduros hipocampais de pacientes com encefalite de Rasmussen, mas não em células recém-geradas no hipocampo do grupo analisado.
A Encefalite de Rasmussen é uma doença neurológica grave que acomete crianças e se caracteriza por ser, provavelmente, de caráter autoimune, com imunidade mediada por linfócitos T e que geralmente acomete apenas um dos hemisférios cerebrais. As alterações teciduais induzem a morte neuronal com consequente perda progressiva das funções cognitivas, motoras e outras manifestações diretamente relacionadas às áreas cerebrais mais afetadas. O tratamento medicamentoso antiepiléptico mostra-se ineficaz no controle das crises o que torna o tratamento cirúrgico uma alternativa interessante. A presença de processo inflamatório significativo, e sua relação com os mecanismos subjacentes à epileptogênese, centralizam a neurogênese como um aspecto fisiopatológico interessante para investigação na encefalite de Rasmussen. Trabalhos realizados nas últimas décadas indicam que a epileptogênese, ou mesmo a simples ocorrência de crises epilépticas, aumentam a neurogênese hipocampal, enquanto que inflamação tende a diminuí-la, pois a colonização do parênquima cerebral por linhagens de linfócitos tem sido considerada como um fator que inibe neurogênese. Assim, o foco dessa tese dirigiu-se à investigar parâmetros histopatológicos do tecido hipocampal oriundo de cirurgia em pacientes com encefalite de Rasmussen, como número de neurônios e de astrócitos, bem como o estudo das proteínas relacionadas à função neurogênica. Para compro o grupo controle foi usado tecido cerebral de pessoas que vieram a óbito por razões não relacionadas a doenças neurológicas. A análise da celularidade hipocampal revelou que não houve diferença do número de neurônios nos setores hipocampais analisados em comparação ao controle. Houve astrocitopenia nos setores CA4 hipocampal e no giro dentado. A análise de pluripotência celular através de imunohistoquímica anti-Sox2 revelou que não houve diferença entre os pacientes com encefalite de Rasmussen e os casos controles, enquanto que a taxa proliferativa, analisada através de imunomarcação anti-Ki-67, foi maior nos pacientes com encefalite de Rasmussen. A expressão do neurofilamento intermediário nestina, e sua colocalização com proteína ßIII-tubulina e a neurotrofina BDNF, foi mais proeminente no hipocampo de pacientes com encefalite de Rasmussen. Entretanto, essas células não apresentaram colocalização com os demais marcadores estudados. A expressão do BDNF mostrou-se exacerbada em neurônios maduros hipocampais de pacientes com encefalite de Rasmussen, mas não em células recém-geradas no hipocampo do grupo analisado.
Descrição
Citação
FERREIRA, Elane de Nazare Magno. Neurogênese, astrocitose e perda celular no hipocampo de pacientes com encefalite de Rasmussen. 2016. 125 f. Tese (Doutorado em Neurologia - Neurociências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2016.