Leitura da HQ Angola Janga no ensino de história: uma reflexão sobre o racismo e a escravidão
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Data
2020-11-25
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
In order to develop teaching possibilities for a transformative educational praxis, this paper aims at a History teaching proposal through the graphic novel Angola Janga by Marcelo D’Salete. The research consists of a critical historical study about the slavery system responsible for establishing a racist hegemony in Brazil that has inhibited an organic black identity construction and has delegitimized the Afro-descendant culture, as it is reflected in different historiographies, in the prescribed curricula and in the media culture and–especially in comic-book stories. By proposing a possible interpretation of D’Salete’s work, I reflect on its potential to promote discussions on the theme and about the structural racism in the classroom. Regarding the gap between the prescribed and the active curricula, I argue for the importance of contextualizing the History teaching with the target school specific culture that must guide the educator’s choices of materials and subjects that may help their work of forming the historical knowledge. Thus, I present three pedagogical coherent proposals to the use of comic books aiming a social transformation: the historical-critical pedagogy by Dermeval Saviani; the ideas of István Mészáros who thinks about an education beyond the capital; and the called Pedagoginga by Allan da Rosa who defends an education that seeks to recover the black people ancestry erased by the status quo. Lastly, I develop two possibilities of applying them in History teaching. Therefore, this paper attempts to provide teachers with a critical historiography that allows for the reading of Angola Janga and, thus, for the promotion of coherent teaching and critical development of students, which would in turn establish a conflict pedagogy against the current practice that only recognizes the minorities cultural heritage, but do not promote the significant changes that we aim to achieve.
Com o objetivo de construir possibilidades de uma práxis educativa transformadora, este trabalho visa uma proposta de ensino de História através da narrativa gráfica Angola Janga (2017) de Marcelo D’Salete. A pesquisa consiste em um estudo histórico crítico acerca do sistema escravocrata responsável por estabelecer uma hegemonia racista no Brasil que inibiu a construção de uma identidade orgânica dos negros e deslegitima a cultura afrodescendente, como pode-se verificar em diferentes historiografias, nos currículos prescritos e na cultura da mídia e, em especial, nas histórias em quadrinhos. Ao propormos uma possível leitura da obra, refletimos sobre sua potencialidade para trabalhar o tema e promover uma discussão acerca do racismo estrutural em sala de aula. A fim de reduzir o distanciamento entre o currículo prescrito e o ativo, defendemos a importância do ensino de história contextualizado com a cultura escolar que deve guiar a escolha de materiais e conteúdos que auxiliam e conduzem o trabalho docente na formação do conhecimento histórico. Desse modo, apresentamos três propostas pedagógicas coerentes com a utilização dos quadrinhos na educação que objetivam uma transformação social: a de Dermeval Saviani, com a pedagogia histórico-crítica; a de István Mészáros, que pensa uma educação para além do capital; e a de Allan da Rosa, que elabora a Pedagoginga enquanto uma educação necessária para recuperar a ancestralidade do negro apagada pela hegemonia. Por fim, expomos duas formas possíveis de como levá-las ao ensino em concordância com as propostas pedagógicas analisadas no trabalho. Portanto, procuramos dar condições para que professores possam se apropriar de uma historiografia crítica que embasa a leitura de Angola Janga e, assim, possam promover um ensino coerente e de desenvolvimento crítico de seus alunos, estabelecendo uma pedagogia do conflito em contraposição à pedagogia do consenso presente nas prescrições curriculares que apenas reconhece as culturas minoritárias, mas não objetiva trazer as mudanças que almejamos alcançar.
Com o objetivo de construir possibilidades de uma práxis educativa transformadora, este trabalho visa uma proposta de ensino de História através da narrativa gráfica Angola Janga (2017) de Marcelo D’Salete. A pesquisa consiste em um estudo histórico crítico acerca do sistema escravocrata responsável por estabelecer uma hegemonia racista no Brasil que inibiu a construção de uma identidade orgânica dos negros e deslegitima a cultura afrodescendente, como pode-se verificar em diferentes historiografias, nos currículos prescritos e na cultura da mídia e, em especial, nas histórias em quadrinhos. Ao propormos uma possível leitura da obra, refletimos sobre sua potencialidade para trabalhar o tema e promover uma discussão acerca do racismo estrutural em sala de aula. A fim de reduzir o distanciamento entre o currículo prescrito e o ativo, defendemos a importância do ensino de história contextualizado com a cultura escolar que deve guiar a escolha de materiais e conteúdos que auxiliam e conduzem o trabalho docente na formação do conhecimento histórico. Desse modo, apresentamos três propostas pedagógicas coerentes com a utilização dos quadrinhos na educação que objetivam uma transformação social: a de Dermeval Saviani, com a pedagogia histórico-crítica; a de István Mészáros, que pensa uma educação para além do capital; e a de Allan da Rosa, que elabora a Pedagoginga enquanto uma educação necessária para recuperar a ancestralidade do negro apagada pela hegemonia. Por fim, expomos duas formas possíveis de como levá-las ao ensino em concordância com as propostas pedagógicas analisadas no trabalho. Portanto, procuramos dar condições para que professores possam se apropriar de uma historiografia crítica que embasa a leitura de Angola Janga e, assim, possam promover um ensino coerente e de desenvolvimento crítico de seus alunos, estabelecendo uma pedagogia do conflito em contraposição à pedagogia do consenso presente nas prescrições curriculares que apenas reconhece as culturas minoritárias, mas não objetiva trazer as mudanças que almejamos alcançar.