Uma análise do discurso "revolucionário" em pichações

Data
2019-01-30
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
This research proposes an analysis of revolutionary discourse in graffiti which theme is a female subject. The general objective of this work is to demonstrate that the chosen statements have contradictory characteristics: in the discursive practice the graffiti has revolutionary attributes, however, the dynamics of its semantic formation manifest conservative characteristics. The following question emerged: is graffiti, as far as the meaning it mobilizes, effectively subversive, or is there space for conservatism? This research has its theoretical basis in the theories of Michel Pêcheux, Jean-Jacques Courtine, Michel Foucault and Roland Barthes. From this point of view, graffiti as a revolutionary practice operates at the same time with conservative ideological values that mythify the female figure. Such values can be systematized in three pre-existing myths: (i) every woman is / should be a mother; (ii) every woman is / should be beautiful; (iii) every woman is / should be seduced. The statements analyzed are, from this point of view, divided between contravention and conservatism. Courtine describes divided statement as a disagreement among several positions of subjects over the same discursive formation. In this sense, the subject inscribed in the graffiti is divided between the myth of motherhood, beauty, and seduction that subjectivate the feminine figure from a conservative discourse, and affirmation of a modern feminine figure coming from a "revolutionary" discourse.
Esta pesquisa propõe uma análise do discurso revolucionário em pichações cuja temática é o sujeito feminino. O objetivo geral do trabalho é demonstrar que os enunciados escolhidos apresentam caraterísticas contraditórias: em sua prática discursiva a pichação tem atributos revolucionários, contudo, a dinâmica de sua formação semântica manifesta características conservadoras. Partiu-se da seguinte pergunta de pesquisa: será que a pichação é, no que concerne aos significados que mobiliza, efetivamente subversiva ou haveria espaço para o conservadorismo? A pesquisa tem sua base teórica fundamentada nas teorias de Michel Pêcheux, Jean-Jacques Courtine, Michel Foucault e Roland Barthes. Desse ponto de vista, a pichação como prática revolucionária opera, ao mesmo tempo, com valores ideológicos conservadores que mitificam a figura feminina. Tais valores podem ser sistematizados em três mitos pré-construídos: (i) toda mulher é/deve ser mãe; (ii) toda mulher é/deve ser bonita; (iii) toda mulher é/deve ser seduzida. Os enunciados analisados são, desse ponto de vista, divididos entre a contravenção e conservadorismo. Courtine descreve o enunciado dividido como uma discordância entre as posições do sujeito no interior de uma mesma formação discursiva. Nesse sentido, o sujeito inscrito nas pichações divide-se entre o mito da maternidade, da beleza e da sedução que subjetivam o feminino a partir de um discurso conservador, e uma exigência de afirmação do feminino advinda de um discurso “revolucionário”.
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