Papel da Resposta Imune Inata e Adaptativa na Doença Coronária Aterosclerótica em Portadores de Hipercolesterolemia Familiar
Data
2019-08-29
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
BACKGROUND: For hundreds of thousands of years, part of our genomic heritage was primarily developed to combat infectious agents. However, the participation of our immune system modulating the progression of atherosclerosis was only recently recognized in the differential role of lymphocyte subtypes,with B1 lymphocytes with an important antiatherogenic role, due to the production of IgM antibodies that interact with oxidized epitopes of apolipoprotein B, and B2 lymphocytes contributing to atherosclerosis progression favoring interactions of oxidized LDL with dendritic cells, thus contributing for the immune complex deposition in the intima layer and plaque instabilization. Familial Hypercholesterolemia (FH) is an inherited condition characterized by lifetime exposure to high LDL-c, premature atherosclerotic cardiovascular disease (ASCVD) and cutaneous stigmata. However, in spite of LDL-c burden and exposure to aggressive lipid-lowering therapy, there is heterogeneity on atherosclerosis presentation that cannot be explained by classical risk factors. Though, we postulated that the imune-inflammatory system could modulate the burden of atherosclerosis in FH patients. OBJECTIVES:Evaluate if the imune-inflammatory system can modulate the development of coronary atherosclerosis in FH patients under high-intensity lipidlowering therapy. METHODS: One-hundred and two patients with definite or probable diagnosis of FH (Dutch Lipid Clinic Network) were selected. Blood samples for laboratory tests (lipids, biochemistry, apolipoproteins A1, B and Lp(a), immune profile (absolute count and %of lymphocytes TCD4+, TCD8+, B memory cells, B naive, B1, ELISPOT assays, quantification of cytokines TNF-α, IFN-, IL-10, IL-6, IL-4, and IL-2 produced by B memory, B naive and T cells), quantification of monocitic, endothelial and platelet microparticles (flow citometry), and titers of autoantibodies of IgG and IgM isotype anti-oxLDL and anti-Apo B-D (ELISA) were assayed. Genetic study used NGS and a gene pannel with LDLR, APOB, PCSK9, LDLRAP1, APOL1andLIPAgenes. Coronary angiotomography and coronary calcium score (CCS) were performed for the evaluation of the extent and severity of coronary atherosclerosis. Data was compared among individuals with CCS = 0 vs. > 0, among categories of CCS (0; 1-99; 100-399; xxiv 400-999; > 1000 UA), CCS percentiles (<P75 vs. > P75) and CAD-RADS categories (0-5). Statistical analysis used parametric and non-parametric tests, as appropriate, with significance set at a P-value < 0,05. RESULTS: CCS> 0 was more prevalent in males (P=0.015), smokers (P=0.016), in those with higher CAD-RADS score (P<0.001), but did not differ among intensities of treatment, presence of cardiovascular risk factors or clinical manifestations of ASCVD. Lipid parameters were similar among participants with CCS = 0 vs. CCS >0 (LDL-c 149 + 61 vs. 158 + 63, respectively; P=0.471). There was heterogeneity in the presentation of ASCVD, with mean and maximal CCS of 173 and 2139 UA, respectively. Immune profile variables, autoantibodies of IgG and IgM isotypes anti- LDLox and anti-Apo B-D, and microparticles did not differ among CCS and CADRADS score categories, although there were trends for diferences for some variables. CONCLUSION: Although there is a clear role of the immune-adaptive system in the development, progression and complications of ASCVD, it does not seem to significantly influence the expression of coronary atherosclerosis evaluated by angiotomography, in subjects with familial hypercholesterolemia under high-intensity lipid-lowering therapy. The expression of ASCVD in those individuals seems to result fromthe balance between long-term exposure to very high levels of LDL-c and highintensity lipid-lowering treatment.
FUNDAMENTO: Durante centenas de milhares de anos, parte de nosso patrimônio genômico foi primariamente desenvolvido para combate a agentes infecciosos. Entretanto, a participação do sistema imune modulando a evolução da aterosclerose foi muito mais recentemente reconhecida no papel diferenciado de subtipos de linfócitos modulando a evolução da aterosclerose, com linfócitos B1 sendo postulados como antiaterogênicos, pela produção de IgM e, linfócitos B2 contribuindo para maior desenvolvimento da aterosclerose, por permitir a interação de células dendríticas com a LDL oxidada, deposição de imunocomplexos na íntima vascular e instabilização de lesões ateroscleróticas. A hipercolesterolemia familiar (HF) é condição genética caracterizada por elevados níveis de LDL-colesterol, por dificuldade de remoção plasmática de colesterol, doença aterosclerótica cardiovascular (DASCV) prematura e estigmas cutâneos característicos. Entretanto, a despeito da exposição a níveis muito elevados de LDL-colesterol e a tratamento hipolipemiante efetivo, existe heterogeneidade na apresentação da aterosclerose coronária, que não pode ser explicada apenas pelos fatores de risco clássicos. Assim, postulamos que o sistema imune-inflamatório poderia modular a aterosclerose coronária na HF. OBJETIVO: Avaliar se o sistema imune-inflamatório modula o desenvolvimento da aterosclerose coronária em portadores de HF sob tratamento efetivo com hipolipemiantes. MÉTODOS: Cento e dois pacientes de ambos os sexos com diagnóstico de certeza ou provável de HF pelo Dutch Lipid Clinic Network foram selecionados. Foram obtidas amostras de sangue para exames laboratoriais (lípides, bioquímica, apolipoproteínas A, B Lp(a), perfil imunológico (número absoluto e % de linfócitos TCD4+, TCD8+, células B memória, B naïve, B1, ensaios de ELISPOT com quantificação de IgM, dosagens de citocinas TNF-α, IFN-, IL-10, IL-6, IL-4 e IL-2 produzidas por células B memória, B naïve e células T), dosagem de micropartículas monocíticas, plaquetárias e endoteliais (citometria de fluxo), autoanticorpos do tipo xxii IgM e IgG anti-LDLox e anti-ApoB-D (ELISA). Estudo genético (NGS) utilizou painel com os genes LDLR, APOB, PCSK9, LDLRAP1, APOL1 e LIPA. Angiotomografia e escore de cálcio coronário foram realizados para avaliação da extensão e gravidade da aterosclerose coronária. Os dados foram comparados entre indivíduos com CAC = 0 vs. > 0, entre categorias do CAC (0; 1-99; 100-399; 400-999; > 1000 UA) e percentis (P75 vs. > P75) e do escore CAD-RADS. Análise estatística utilizou testes paramétricos e não-paramétricos, com significância para P<0,05. RESULTADOS: CAC > 0 foi mais prevalente no sexo masculino (P=0,015), em tabagistas (P=0,016), naqueles com maior escore CAD-RADS (P<0,001), mas não diferiu em relação à intensidade do tratamento hipolipemiante, ou da presença de fatores de risco cardiovasculares ou DASCV clínica. Os valores do perfil lipídico foram semelhantes entre os participantes com CAC= 0 e CAC>0(LDL-c 149 + 61 vs. 158 + 63, respectivamente; P=0,471). Houve heterogeneidade na apresentação da DASCV, com valores médios e máximos de CAC de 173 e 2139, UA respectivamente. As variáveis do perfil imunológico, autoanticorpos do tipo IgG e IgM anti-LDLox e anti-Apo B-D e as micropartículas não diferiram entre as categorias do escore de cálcio ou do escore CAD-RADS, embora tenha havido tendências de diferenças entre os subgrupos analisados para algumas variáveis. CONCLUSÃO: Embora com um claro papel no desenvolvimento, progressão e complicações da DASCV, o sistema imune-adaptativo não influencia significativamente a expressão da aterosclerose coronária avaliada pela angiotomografia coronária em portadores de hipercolesterolemia familiar sob tratamento hipolipemiante de alta intensidade. A expressão da DASCV nesses indivíduos parece resultante do balanço entre a exposição ao longo da vida a níveis muito elevados de LDL-c e ao tratamento hipolipemiante de alta intensidade.
FUNDAMENTO: Durante centenas de milhares de anos, parte de nosso patrimônio genômico foi primariamente desenvolvido para combate a agentes infecciosos. Entretanto, a participação do sistema imune modulando a evolução da aterosclerose foi muito mais recentemente reconhecida no papel diferenciado de subtipos de linfócitos modulando a evolução da aterosclerose, com linfócitos B1 sendo postulados como antiaterogênicos, pela produção de IgM e, linfócitos B2 contribuindo para maior desenvolvimento da aterosclerose, por permitir a interação de células dendríticas com a LDL oxidada, deposição de imunocomplexos na íntima vascular e instabilização de lesões ateroscleróticas. A hipercolesterolemia familiar (HF) é condição genética caracterizada por elevados níveis de LDL-colesterol, por dificuldade de remoção plasmática de colesterol, doença aterosclerótica cardiovascular (DASCV) prematura e estigmas cutâneos característicos. Entretanto, a despeito da exposição a níveis muito elevados de LDL-colesterol e a tratamento hipolipemiante efetivo, existe heterogeneidade na apresentação da aterosclerose coronária, que não pode ser explicada apenas pelos fatores de risco clássicos. Assim, postulamos que o sistema imune-inflamatório poderia modular a aterosclerose coronária na HF. OBJETIVO: Avaliar se o sistema imune-inflamatório modula o desenvolvimento da aterosclerose coronária em portadores de HF sob tratamento efetivo com hipolipemiantes. MÉTODOS: Cento e dois pacientes de ambos os sexos com diagnóstico de certeza ou provável de HF pelo Dutch Lipid Clinic Network foram selecionados. Foram obtidas amostras de sangue para exames laboratoriais (lípides, bioquímica, apolipoproteínas A, B Lp(a), perfil imunológico (número absoluto e % de linfócitos TCD4+, TCD8+, células B memória, B naïve, B1, ensaios de ELISPOT com quantificação de IgM, dosagens de citocinas TNF-α, IFN-, IL-10, IL-6, IL-4 e IL-2 produzidas por células B memória, B naïve e células T), dosagem de micropartículas monocíticas, plaquetárias e endoteliais (citometria de fluxo), autoanticorpos do tipo xxii IgM e IgG anti-LDLox e anti-ApoB-D (ELISA). Estudo genético (NGS) utilizou painel com os genes LDLR, APOB, PCSK9, LDLRAP1, APOL1 e LIPA. Angiotomografia e escore de cálcio coronário foram realizados para avaliação da extensão e gravidade da aterosclerose coronária. Os dados foram comparados entre indivíduos com CAC = 0 vs. > 0, entre categorias do CAC (0; 1-99; 100-399; 400-999; > 1000 UA) e percentis (P75 vs. > P75) e do escore CAD-RADS. Análise estatística utilizou testes paramétricos e não-paramétricos, com significância para P<0,05. RESULTADOS: CAC > 0 foi mais prevalente no sexo masculino (P=0,015), em tabagistas (P=0,016), naqueles com maior escore CAD-RADS (P<0,001), mas não diferiu em relação à intensidade do tratamento hipolipemiante, ou da presença de fatores de risco cardiovasculares ou DASCV clínica. Os valores do perfil lipídico foram semelhantes entre os participantes com CAC= 0 e CAC>0(LDL-c 149 + 61 vs. 158 + 63, respectivamente; P=0,471). Houve heterogeneidade na apresentação da DASCV, com valores médios e máximos de CAC de 173 e 2139, UA respectivamente. As variáveis do perfil imunológico, autoanticorpos do tipo IgG e IgM anti-LDLox e anti-Apo B-D e as micropartículas não diferiram entre as categorias do escore de cálcio ou do escore CAD-RADS, embora tenha havido tendências de diferenças entre os subgrupos analisados para algumas variáveis. CONCLUSÃO: Embora com um claro papel no desenvolvimento, progressão e complicações da DASCV, o sistema imune-adaptativo não influencia significativamente a expressão da aterosclerose coronária avaliada pela angiotomografia coronária em portadores de hipercolesterolemia familiar sob tratamento hipolipemiante de alta intensidade. A expressão da DASCV nesses indivíduos parece resultante do balanço entre a exposição ao longo da vida a níveis muito elevados de LDL-c e ao tratamento hipolipemiante de alta intensidade.