Avaliação de biópsias renais pré-implantação

Data
2023-08-01
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: O clínico transplantador precisa ter uma noção de risco de insucesso antes de aceitar um rim para transplante e não está completamente estabelecido o quanto o resultado de biópsias renais pré-implantação pode informá-lo sobre fatores de risco para função insatisfatória do enxerto renal. Objetivo: Avaliar biópsias renais pré-implantação e desfechos clínicos de função insatisfatória do enxerto, ao longo do primeiro ano de transplante. Metodologia: Estudo do tipo coorte histórica, de centro único, com análise de 339 biópsias renais pré-implantação. Foram coletadas variáveis histológicas, dados clínicos do doador, receptor e do transplante e comparados com o desfecho função insatisfatória do enxerto aos 3 meses e 1 ano (valor estabelecido como corte – 30ml/min). Foram utilizados testes de hipóteses e teste não paramétrico para a análise univariada. Foram utilizados modelos de regressão logística binomial para a análise multivariada. A capacidade preditora dos modelos foi testada por meio de curva ROC (AUC-ROC). Resultados: Houve correlação entre maior dano estrutural em todos os compartimentos renais com função insatisfatória do enxerto. O grupo função insatisfatória apresentou maior glomeruloesclerose, cicatrizes corticais, fibrose intersticial/atrofia tubular e arterioesclerose, além de maiores índices nos escores histológicos Remuzzi e MAPI. Na análise multivariada, os preditores independentes de pior função renal foram a glomeruloesclerose (OR=1,053; IC95% 1,014-1,093; p=0,007) e o KDPI (OR=1,046; IC95% 1,023-1,070; p<0,001) para o desfecho de 3 meses. Os preditores independentes para função insatisfatória após 1 ano foram cicatriz cortical (OR=2,961; IC95% 1,457-6,018; p=0,003), KDPI(OR=1,050; IC95% 1,028-1,073; p<0,001) e rejeição (OR=2,668; IC95% 1,185-6,008; p=0,018). A melhor capacidade preditora de função insatisfatória do enxerto foi a do escore Remuzzi (AUC-ROC 0,676), da idade do doador (AUC-ROC 0,742) e da combinação das variáveis escore Remuzzi+idade do doador (AUC-ROC 0,780). A combinação de variáveis clínicas e histológicas aumentaram a capacidade preditora em até 6,14%. Conclusão: Achados de biópsia pré-implantação se correlacionam com função do enxerto renal. A glomeruloesclerose e presença de cicatriz cortical são preditores independentes de pior função do enxerto renal. A combinação de variáveis histológicas aos dados clínicos de idade e KDPI aumentaram a capacidade preditora dos modelos testados.
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