Design centrado no humano aplicado à saúde: desenvolvimento e avaliação de objeto para auxiliar a autoadministração de medicamentos por idosos com baixa visão e cegueira
Data
2016-08-30
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objective: Create and develop one solution for improving medicine selfadministering in elderly with low vision and blindness due to diabetic retinopathy (DR) and age related macular degeneration (ARMD). Then, evaluate the efficacy of this solution. Methods: The study is transdisciplinary, qualitative, human centered, using ethnography techniques and design operational methodology. Initially, patients were evaluated by chats in the Retina and Macule outward patient care at the Ophthalmology Department from São Paulo Federal University in order to identify and understand their demands on medicine self-administering, and define requirements for creating a solution. Sequentially the operational design methodology was used in workshops with potentially future users to create and develop the solution. Finally, the prototype developed was used by 10 patients for 1 month. Their usage was evaluated by two interviews with open and narrative questions. The analysis of the ranscribed interviews contemplated 3 aspects: the subject content, which was divided in categories and had their respective frequency accounted; the use, regarding the prototype usage; and the discourse, which focused in its nuances and subjective impressions on the prototype usage. These analyses were mutually complimentary on the usage evaluation by each patient. Results: The prototype is composed by a chord that contains five flexible silicon rings with different colors and textures each. The content analysis contemplated eight categories: autonomy, prototype impression, affection, relation to previous status, organization, pattern of prototype identification on usage, the standard for distributed medicines by Unified Health System (SUS) and self-esteem. We inferred no adherence to the prototype by one patient due to his laconic and neutral answers. Nine patients had a positive impression, supported by their frequent affective words for descripting the prototype and referred autonomy on medicine self-administering. Words indicating improvement and organization were also frequent in the same 9 patients, allied to a discourse suggesting usage facility. Notwithstanding, distinction by blisters and pills characteristics persisted despite the lack of standardization for medicines distributed by SUS. In usage analysis, seven patients easily used the prototype from the very beginning, two just after the second meeting, and one, in spite of inadequate use, reported interest in using it in the third meeting. Patients combined in different grades the characteristics of the prototype with those ones from blisters and pills. Eight patients organized the prototype and changed the medicine blisters independently, and six added silicon rings to the prototype for medicines of occasional use. All manifested interest in the prototype use at the end of the study. In the discourse analysis, nine patients suggested the prototype to be a valid solution for medicine self-administering. Finally, despite the essentially similar usage of the prototype, the nine patients that incorporated it in their routine personalized, in part, their relationship with the prototype, which may have facilitated its acceptance and usage. Conclusion: This research created and developed one project solution for improving medicine self-administering in low vision and blind elderly due to DR and ARMD. Besides that, evaluated the efficacy of the developed prototype. This composite work suggest that the human centered methodology and approach support universal solutions for low vision and blind elderly. The prototype was used and well received by these patients, which led to independence on their medicine use. Future studies in other populations may broaden its applicability, keeping the simple and intuitive concept in order to improve independency and quality of life.
Objetivo: Criar e desenvolver uma solução para melhorar a autoadministração de medicamentos em idosos com baixa visão e cegueira devido a Retinopatia Diabética (RD) e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Em seguida, avaliar a eficácia da solução. Método: O estudo é transdisciplinar, qualitativo, centrado no humano, com uso de técnicas de etnografia e metodologia operacional de design. Inicialmente, pacientes foram avaliados em conversas informais nos ambulatórios da Retina e Mácula do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo para identificar e entender suas demandas na autoadministração de medicamentos, e definir pré-requisitos para criação da solução. Sequencialmente foi utilizada metodologia operacional do design em workshops com potenciais usuários para criação e desenvolvimento da solução. E por fim, desenvolvido o protótipo, este foi utilizado por 10 pacientes durante um mês. Este uso do foi avaliado em duas entrevistas estruturadas com perguntas abertas e narrativas. A análise das entrevistas transcritas contemplou três aspectos: o conteúdo, que foi dividido em categorias e com respectiva contagem de sua frequência; o uso, referente à utilização do protótipo; e o discurso, com foco em suas nuances e impressões subjetivas no uso do protótipo. Estas análises se complementaram na avaliação do uso por cada paciente. Resultado: O protótipo é composto por um cordão que contém cinco anéis de silicone maleável com diferentes cores e texturas cada. A análise de conteúdo contemplou oito categorias: autonomia, impressão do protótipo, afeto, relação com a condição anterior, organização, modo de identificação no uso do protótipo, padrão de remédios distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e autoestima. Inferimos não aderência ao protótipo por um paciente devido a respostas neutras e lacônicas. Nove pacientes apresentaram impressão positiva, embasado pela descrição afetiva do protótipo com palavras diminutivas frequentes e referida autonomia na autoadministração dos medicamentos. Palavras indicando melhora e organização também foram frequentes nestes nove pacientes, aliado a discurso sugestivo de facilidade de uso. A identificação do medicamento por cores prevaleceu sobre textura. No entanto, a distinção pelas características dos blisteres e comprimidos persistiu apesar da falta de padronização dos medicamentos distribuídos pelo SUS. Na análise de uso, sete pacientes utilizaram o protótipo facilmente desde o início, dois somente após o segundo encontro, e um, apesar do uso inadequado, relatou interesse de uso no terceiro encontro. Os pacientes combinaram em graus variados as características do protótipo com as dos blisteres e comprimidos. Oito pacientes organizaram o protótipo e trocaram as cartelas de remédio de forma independente, e seis adicionaram anéis de silicone ao protótipo para remédios de uso eventual. Todos manifestaram interesse no uso do protótipo ao final do estudo. Na análise de discurso, nove pacientes sugerem o protótipo como solução válida para a autoadministração de medicamentos. Finalmente, apesar de uso essencialmente semelhante do protótipo, os nove pacientes que o incorporaram a sua rotina personalizaram, em parte, a relação com o protótipo, o que pode ter facilitado sua aceitação e uso. Conclusão: Esta pesquisa criou e desenvolveu uma solução de projeto para melhorar a autoadministração de medicamentos por idosos com baixa visão e cegueira devido a RD e DMRI. Além disto, avaliou a eficácia do protótipo desenvolvido. Este conjunto sugere que a metodologia e abordagem do design centrado no humano suportam soluções universais para idosos com baixa visão e cegueira. O protótipo foi utilizado e bem aceito por estes pacientes, o que levou a independência na utilização de seus medicamentos. Estudos futuros em outras populações poderão ampliar a aplicabilidade do protótipo, mantendo o conceito de uso simples e intuitivo para melhorar a independência e qualidade de vida.
Objetivo: Criar e desenvolver uma solução para melhorar a autoadministração de medicamentos em idosos com baixa visão e cegueira devido a Retinopatia Diabética (RD) e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Em seguida, avaliar a eficácia da solução. Método: O estudo é transdisciplinar, qualitativo, centrado no humano, com uso de técnicas de etnografia e metodologia operacional de design. Inicialmente, pacientes foram avaliados em conversas informais nos ambulatórios da Retina e Mácula do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo para identificar e entender suas demandas na autoadministração de medicamentos, e definir pré-requisitos para criação da solução. Sequencialmente foi utilizada metodologia operacional do design em workshops com potenciais usuários para criação e desenvolvimento da solução. E por fim, desenvolvido o protótipo, este foi utilizado por 10 pacientes durante um mês. Este uso do foi avaliado em duas entrevistas estruturadas com perguntas abertas e narrativas. A análise das entrevistas transcritas contemplou três aspectos: o conteúdo, que foi dividido em categorias e com respectiva contagem de sua frequência; o uso, referente à utilização do protótipo; e o discurso, com foco em suas nuances e impressões subjetivas no uso do protótipo. Estas análises se complementaram na avaliação do uso por cada paciente. Resultado: O protótipo é composto por um cordão que contém cinco anéis de silicone maleável com diferentes cores e texturas cada. A análise de conteúdo contemplou oito categorias: autonomia, impressão do protótipo, afeto, relação com a condição anterior, organização, modo de identificação no uso do protótipo, padrão de remédios distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e autoestima. Inferimos não aderência ao protótipo por um paciente devido a respostas neutras e lacônicas. Nove pacientes apresentaram impressão positiva, embasado pela descrição afetiva do protótipo com palavras diminutivas frequentes e referida autonomia na autoadministração dos medicamentos. Palavras indicando melhora e organização também foram frequentes nestes nove pacientes, aliado a discurso sugestivo de facilidade de uso. A identificação do medicamento por cores prevaleceu sobre textura. No entanto, a distinção pelas características dos blisteres e comprimidos persistiu apesar da falta de padronização dos medicamentos distribuídos pelo SUS. Na análise de uso, sete pacientes utilizaram o protótipo facilmente desde o início, dois somente após o segundo encontro, e um, apesar do uso inadequado, relatou interesse de uso no terceiro encontro. Os pacientes combinaram em graus variados as características do protótipo com as dos blisteres e comprimidos. Oito pacientes organizaram o protótipo e trocaram as cartelas de remédio de forma independente, e seis adicionaram anéis de silicone ao protótipo para remédios de uso eventual. Todos manifestaram interesse no uso do protótipo ao final do estudo. Na análise de discurso, nove pacientes sugerem o protótipo como solução válida para a autoadministração de medicamentos. Finalmente, apesar de uso essencialmente semelhante do protótipo, os nove pacientes que o incorporaram a sua rotina personalizaram, em parte, a relação com o protótipo, o que pode ter facilitado sua aceitação e uso. Conclusão: Esta pesquisa criou e desenvolveu uma solução de projeto para melhorar a autoadministração de medicamentos por idosos com baixa visão e cegueira devido a RD e DMRI. Além disto, avaliou a eficácia do protótipo desenvolvido. Este conjunto sugere que a metodologia e abordagem do design centrado no humano suportam soluções universais para idosos com baixa visão e cegueira. O protótipo foi utilizado e bem aceito por estes pacientes, o que levou a independência na utilização de seus medicamentos. Estudos futuros em outras populações poderão ampliar a aplicabilidade do protótipo, mantendo o conceito de uso simples e intuitivo para melhorar a independência e qualidade de vida.
Descrição
Citação
HARADA, Fernanda Jordani Barbosa. Design centrado no humano aplicado à saúde: desenvolvimento e avaliação de objeto para auxiliar a autoadministração de medicamentos por idosos com baixa visão e cegueira. 2016. 188 f. Tese (Doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2016.