A Possível Metamorfose Da Psicologia Na Assistência Social: Um Estudo Das Práticas E Seus Sentidos Na Cidade De São Vicente/Sp
Data
2017-08-25
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
In their initial trajectory, Psychology and Social Assistance were not aware of their ethical- political commitment to Brazilian society; the former for having its origin in individualizing practices for the service of wealthy classes, the latter for considering primarily in specific actions of charity to the poorest. When the National Social Assistance Policy (PNAS) and the National Social Assistance System (SUAS) were implemented between 2004 and 2005, the psychologist was summoned to assume a professional role that aims to overcome the elitism of the profession, as well as the rancid welfare of the practices in Social Assistance. In this context of recent insertion, an hypothesis was raised in Social Assistance that the psychologist experiences a Kafkaesque metamorphosis , in which he does not know /or feel strange in his collaboration in the services - in the common and specific aspects - making it difficult the development of the possibilities of the professional exercise in this field. In this context, the general objective of the work was to identify the meanings attributed by psychologists to the practices in Social Assistance of the municipality of São Vicente / SP, and with this purpose, it was intended to list the impasses and challenges of his action for the construction of possible alternatives aiming social transformation, establishing a parallel with the work "The Metamorphosis" by Franz Kafka. The work has been characterized as qualitative and exploratory, usingparticipatory methodology linked to intervention research, which is based on the analysis of the researcher's implications and on the collective construction of the data. For this purpose, four meetings were held, sending a request to fifteen psychologists (total of professionals in the field, at the time of the research) who were invited to participate in rounds of conversations on pertinent topics to the research such as the social commitment of Psychology and the professional education, the contribution of the psychologist to Social Assistance and interdisciplinarity; difficulties and potentialities found at work (common and specific) and daily life listening; The psychology that one wants for services and how literature (especially the work of Franz Kafka) can subsidize reflections on the practice of the psychologist. In addition, the proposal had the participation of the researcher herself, through the production of field diaries and references about professional practice. The constructed data were analyzed in the light of the psychoanalytic approach, with the identification of the sociopolitical suffering of both psychologists and users. The results of the research showed that the professional education has gaps related to the performance of the psychologist aiming social changes. It seemed controversial to the participants to define the contribution of Psychology to SUAS, crossroads between common and specific practices, in a Kafkaesque metamorphosis, which generated certain discomfort. In the shuffling of the senses related to their practices in the SUAS in São Vicente, with strict limits and light dreams, psychologists gave clues to a committed Psychology to qualified listening, at the same time that they were required a stressful concern with filling forms and the regulations contained in the PNAS legislation.
A Psicologia e a Assistência Social, em sua trajetória inicial, não se mostraram cônscias do compromisso ético-político com a sociedade brasileira; a primeira, por basear-se em práticas individualizantes a serviço de camadas sociais mais abastadas, e a segunda, por pautar-se primariamente em ações pontuais de benemerência aos mais pobres. Com a implantação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entre 2004 e 2005, o psicólogo foi convocado a assumir um papel profissional que visa superar o elitismo da profissão, além do ranço assistencialista das práticas da Assistência Social. Neste contexto de recente inserção, levantou-se a hipótese de que o psicólogo na Assistência Social experimenta uma metamorfose kafkiana, em que desconhece/estranha sua colaboração nos serviços – tanto nos aspectos comuns quanto nos específicos –, dificultando- lhe o desenvolvimento das possibilidades do exercício profissional neste campo. Nesta direção, o objetivo geral deste trabalho visou identificar os sentidos atribuídos pelos psicólogos às práticas na Assistência Social do município de São Vicente/SP, e, conforme esse intuito, pretendeu-se elencar os impasses e os desafios da sua atuação profissional para a construção de alternativas possíveis com vistas à transformação social, para tanto, estabelecendo-se no percurso um paralelo com a obra “A metamorfose”, de Franz Kafka. O trabalho, de cunho qualitativo e exploratório, usou a metodologia participativa vinculada à pesquisa-intervenção, que se baseia na análise das implicações da pesquisadora e na construção coletiva dos dados. Nesse sentido, realizaram-se quatro encontros, com envio de solicitação para quinze psicólogos (total de profissionais no campo, no momento da pesquisa), que foram convidados a participar de rodas de conversas sobre temas pertinentes à pesquisa, como: o compromisso social da Psicologia e a formação profissional, a contribuição do psicólogo na Assistência Social e a interdisciplinaridade; as dificuldades e as potencialidades encontradas no trabalho (comum e específico) e a escuta no cotidiano; a Psicologia que se quer para os serviços e como a literatura (principalmente a obra de Franz Kafka) pode subsidiar reflexões sobre a prática do psicólogo. Para mais, a proposta contou com a participação da própria pesquisadora, por meio da produção de diários de campo e da construção de cenas sobre sua prática profissional. Os dados construídos foram analisados à luz da abordagem psicanalítica, com a identificação do sofrimento sociopolítico tanto dos psicólogos quanto dos usuários. Os resultados da pesquisa demonstraram que a formação profissional apresenta lacunas no que se refere à atuação do psicólogo com vistas às transformações sociais. Aos participantes pareceu controverso definir a contribuição da Psicologia no SUAS, com encontros e desencontros entre práticas comuns e específicas, em uma metamorfose kafkiana que recebeu contornos de mal-estar. No embaralho de sentidos relacionados às suas práticas no SUAS de São Vicente/SP, de limites rígidos e sonhos leves, os psicólogos deram pistas de uma Psicologia comprometida com a escuta qualificada, ao mesmo tempo em que lhes era exigida uma preocupação extenuante com o preenchimento de formulários e com as normativas que compõem a legislação das PNAS.
A Psicologia e a Assistência Social, em sua trajetória inicial, não se mostraram cônscias do compromisso ético-político com a sociedade brasileira; a primeira, por basear-se em práticas individualizantes a serviço de camadas sociais mais abastadas, e a segunda, por pautar-se primariamente em ações pontuais de benemerência aos mais pobres. Com a implantação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entre 2004 e 2005, o psicólogo foi convocado a assumir um papel profissional que visa superar o elitismo da profissão, além do ranço assistencialista das práticas da Assistência Social. Neste contexto de recente inserção, levantou-se a hipótese de que o psicólogo na Assistência Social experimenta uma metamorfose kafkiana, em que desconhece/estranha sua colaboração nos serviços – tanto nos aspectos comuns quanto nos específicos –, dificultando- lhe o desenvolvimento das possibilidades do exercício profissional neste campo. Nesta direção, o objetivo geral deste trabalho visou identificar os sentidos atribuídos pelos psicólogos às práticas na Assistência Social do município de São Vicente/SP, e, conforme esse intuito, pretendeu-se elencar os impasses e os desafios da sua atuação profissional para a construção de alternativas possíveis com vistas à transformação social, para tanto, estabelecendo-se no percurso um paralelo com a obra “A metamorfose”, de Franz Kafka. O trabalho, de cunho qualitativo e exploratório, usou a metodologia participativa vinculada à pesquisa-intervenção, que se baseia na análise das implicações da pesquisadora e na construção coletiva dos dados. Nesse sentido, realizaram-se quatro encontros, com envio de solicitação para quinze psicólogos (total de profissionais no campo, no momento da pesquisa), que foram convidados a participar de rodas de conversas sobre temas pertinentes à pesquisa, como: o compromisso social da Psicologia e a formação profissional, a contribuição do psicólogo na Assistência Social e a interdisciplinaridade; as dificuldades e as potencialidades encontradas no trabalho (comum e específico) e a escuta no cotidiano; a Psicologia que se quer para os serviços e como a literatura (principalmente a obra de Franz Kafka) pode subsidiar reflexões sobre a prática do psicólogo. Para mais, a proposta contou com a participação da própria pesquisadora, por meio da produção de diários de campo e da construção de cenas sobre sua prática profissional. Os dados construídos foram analisados à luz da abordagem psicanalítica, com a identificação do sofrimento sociopolítico tanto dos psicólogos quanto dos usuários. Os resultados da pesquisa demonstraram que a formação profissional apresenta lacunas no que se refere à atuação do psicólogo com vistas às transformações sociais. Aos participantes pareceu controverso definir a contribuição da Psicologia no SUAS, com encontros e desencontros entre práticas comuns e específicas, em uma metamorfose kafkiana que recebeu contornos de mal-estar. No embaralho de sentidos relacionados às suas práticas no SUAS de São Vicente/SP, de limites rígidos e sonhos leves, os psicólogos deram pistas de uma Psicologia comprometida com a escuta qualificada, ao mesmo tempo em que lhes era exigida uma preocupação extenuante com o preenchimento de formulários e com as normativas que compõem a legislação das PNAS.