Preditores de falha da extubação em crianças no pós-operatório de cirurgia cardíaca submetidas à ventilação pulmonar mecânica

Data
2008-03-01
Tipo
Artigo
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Resumo
BACKGROUND AND OBJECTIVES: It is important to know the risk factors for extubation failure (EF) in children submitted to cardiac surgery in order to avoid inherent events due to reintubation (airways injury, usage of medications, cardiovascular changes) and because of prolonged ventilatory support (pneumonias, reduction of the ventilatory muscles strength). The objective of this study is to evaluate mechanical ventilation (MV) parameters, ventilatory mechanics [rapid shallow breathing index (RSBI), ventilatory muscles force [the maximum inspiratory pressure (MIP), the maximum expiratory pressure (MEP) and the load/force balance (LFB)] and blood gases before and after extubation in pediatric patients undergoing cardiac surgery. METHODS: Prospective (March 2004 to March 2006) observational cross sectional study, enrolling children submitted to cardiac surgery admitted to an university PICU hospital and considered able to be extubated. With the tracheal tube in situ and maintaining the children spontaneously breathing we evaluate: expiratory minute volume (V E), MIP and MEP. We calculated the RSBI [(RR/VT)/Weight)], LFB [15x [(3xMAP)/MIP] + 0.03 x RSBI-5], the mean airway pressure (MAP) [MAP={(PIP-PEEP)x[Ti/(Te+Ti)]}+PEEP] and the oxygenation index (OI) [OI=(FiO2 x MAP/PaO2)x100]. Arterial blood gas was collected one hour before extubation. If after 48 hours there was no need to reintubate the patient the extubation was considered successful (SE). RESULTS: 59 children were included. EF was observed in 19% (11/59). Median (QI25%-75%) for age, weight, MAP, OI, duration of MV after cardiac surgery (DMV) were respectively, 36 (12-82) months, 12 (8-20) kg, 8 (6-9), 2 (2-5), 1 (1-3) days. Median (QI25-75%) of EF in relation to SE for OI, LFB and DMV were respectively 5(3-8) versus 2(2-4), p = 0.005; [8(6-11) versus 5(4-6), p =0.002 and 3(2-5) versus 1(1-2) days, p = 0.026. Mean ± SD of EF in relation to SE for V E, PaO2 and MIP were respectively 1.7 ± 0.82 versus 3 ± 2.7 mL/kg/min, p = 0.003); 64 ± 34 versus 111 ± 50 mmHg, p = 0.002 and 53 ± 18 versus 78 ± 28 cmH2O; p=0.002. Concerning the risk factors for EF: OI > 2 (area under the ROC 0.74, p = 0.017) and LFB > 4 (area under the ROC 0.80, p = 0.002), achieved a sensibility of 100% and specificity of 80%; MIP < -35 cmH2O (area under the ROC 0.23; p= 0.004) achieved a sensibility of 80% and specificity of 60%. CONCLUSIONS: EF in children submitted to cardiac surgery is related to OI > 2, LFB > 4, DMV > 3 days; V E < 1.7 mL/kg/min, PaO2 < 64 mmHg and MIP < - 53 cmH2O. The kind of cardiac defect, MAP, RSBI and arterial blood gas were not related to EF.
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: É importante conhecer os fatores de risco para falha da extubação em crianças no pós-operatório cardíaco (POC), para evitar os efeitos indesejados inerentes ao procedimento de re-intubação (lesão da via aérea, necessidade de medicações, alterações cardiocirculatórias) e ao tempo prolongado de suporte ventilatório (risco de pneumonias, perda da força muscular ventilatória). O objetivo deste estudo foi avaliar os parâmetros da ventilação pulmonar mecânica (VPM), a mecânica ventilatória [índice de respiração rápida superficial (IRS), força dos músculos ventilatórios (PiMáx e PeMáx), relação carga/força (RCF)] e os gases sanguíneos antes e após a extubação de crianças no POC. MÉTODO: Estudo observacional, do tipo transversal prospectivo, realizado no período de março 2004 a março 2006, incluindo crianças no POC aptas para a extubação traqueal, em hospital universitário. Com o tubo traqueal in situ e em ventilação espontânea foram mensurados o volume-minuto expiratório (V E), a PiMáx e PeMáx. Foram calculados os índices ventilatórios IRS [(FR/VC)/Peso] e RCF = [15x[(3xMAP)/PiMáx]+0,03 x IRS -5)], a pressão média das vias aéreas [MAP={(PIP-PEEP)x[Ti/(Te+Ti)]}+PEEP] e o índice de oxigenação [IO=(FiO2 x MAP/PaO2)x100]. Os gases sanguíneos foram coletados 1h antes da extubação. O sucesso da extubação foi considerado quando após 48h não houve re-intubação. RESULTADOS: Participaram do estudo 59 crianças. Houve falha na extubação em 19% (11/59), mediana (IC25% e 75%): idade 36 (12-82) meses, peso 12 (8-20) kg, MAP 8 (6-9) e IO 2(2-5), tempo de VPM no POC 1(1-3) dias. A falha versus sucesso da extubação em mediana (IC 25% e 75%): IO [5(3-8) versus 2(2-4); p = 0,005], RCF [8(6-11) versus 5(4-6); p = 0,002] e tempo de VPM [3(2-5) versus 1(1-2) dias; p = 0,026]; média ± desvio-padrão: V E [1,7 ± 0,82 versus 3 ± 2,7 mL/kg/min; p = 0,003], PaO2 [64 ± 34 versus 111 ± 50 mmHg; p = 0,002] e PiMáx [53 ± 18 versus 78 ± 28 cmH2O; p = 0,002]. Através da curva ROC identificou-se 100% de sensibilidade e 80% de especificidade no ponto de corte do IO > 2 (área 0,74, p = 0,017) e da RCF > 4 (área 0,80, p = 0,002); 80% de sensibilidade e 60% de especificidade da PiMáx < -35 cmH2O (área 0,23; p = 0,004) como fatores de risco para falha da extubação. CONCLUSÔES: A falha da extubação de crianças no POC relacionou-se ao IO > 2, RCF > 4, tempo de VPM > 3 dias, V E < 1,7 mL/kg/min , PaO2 < 64 mmHg e PiMáx < - 53 cmH2O. A MAP, o diagnóstico de base, o IRS e os gases sangüíneos não estiveram relacionados com a falha da extubação.
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Revista Brasileira de Terapia Intensiva. Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB, v. 20, n. 1, p. 57-62, 2008.
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