Efeitos da ativação dos receptores estrogênicos na expressão e na localização de N-caderina em células de câncer prostático independentes de andrógenos

Data
2017-07-31
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Andrógenos, estrógenos e as interações estroma-epitélio estão envolvidos no desenvolvimento do câncer prostático. Apesar da maioria dos cânceres prostáticos depender de andrógenos para o crescimento nos estágios iniciais e ser responsiva à terapia de ablação androgênica, em muitos casos o tumor progride para um fenótipo independente de andrógeno ou também denominado resistente à castração (CRPC), que tende a progredir e levar à metástase e contra o qual não há uma terapia efetiva. Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento do CRPC não estão esclarecidos. Estudo do nosso laboratório mostrou a expressão dos receptores estrogênicos ESR1 (ERα) e ESR2 (ERβ) nas células PC-3, usada como modelo de CRPC. Além disso, os estrógenos desempenham um papel na proliferação das células PC-3 por meio de uma nova via de sinalização envolvendo a ativação de β-catenina mediada pelo ESR2. N-caderina está conectada via α-catenina e β-catenina ao citoesqueleto e funciona como um componente da adesão celular e como molécula sinalizadora. N-caderina tem surgido como um importante alvo terapêutico e está envolvida na regulação da proliferação, sobrevivência, invasão e metástase de células cancerígenas. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da ativação dos receptores estrogênicos na expressão e na localização de N-caderina nas células de câncer prostático independentes de andrógenos. O presente estudo utilizou as linhagens de célula de câncer prostático independente de andrógenos PC-3 (células de metástase óssea de adenocarcinoma prostático grau IV) e DU-145 (células de metástase cerebral de carcinoma prostático) e de células epiteliais de próstata (PNT1A), obtida de um homem pós-puberdade e imortalizadas com SV40. As células foram incubadas na ausência (controle) ou na presença de 17-β-estradiol (E2), agonista seletivo do ESR1 (PPT) ou agonista seletivo do ESR2 (DPN) (10 nM) por 10 e 30 minutos, e 1, 2, 24 and 48 horas. Em outros experimentos, as células foram pré-incubadas ou não com o antagonista seletivo do ESR2 (PHTPP, 10 nM) por 30 minutos e, então, incubadas com o agonista seletivo do ESR2 (DPN 10 nM) por 24 horas. Ensaios de Western blot e imunofluorescência para a detecção de N-caderina foram realizados nas células PC-3, DU-145 e PNT1A A N-caderina foi detectada preferencialmente na membrana plasmática das células PNT1A, sugerindo o envolvimento desta proteína na adesão célula-célula. A expressão de N-caderina foi maior as células PC-3 (células altamente metastáticas) do que nas células DU-145. Imunomarcação para esta proteína foi detectada preferencialmente no citoplasma destas células, sugerindo alterações no processo de exocitose, endocitose e/ou reciclagem desta proteína e o rompimento do complexo de adesão. O tratamento das células PC-3 com o 17β-estradiol (E2) ou com o agonista seletivo do ESR1 (PPT) não afetou a expressão de N-caderina. Por outro lado, o agonista seletivo do ESR2 (DPN) induziu diminuição da expressão de N-caderina nas células PC-3. Este efeito foi bloqueado pelo pré-tratamento com o antagonista seletivo do ESR2 (PHTPP), indicando o envolvimento do ESR2 na regulação da expressão da N-caderina. A ativação do ESR1 ou do ESR2 não alterou a expressão e a localização da N-caderina nas células PNT1A e DU-145. Nossos resultados, em conjunto com os obtidos anteriormente no nosso laboratório, indicam que a ativação do ESR2 diminuiu a expressão de N-caderina liberando a β-catenina para o citoplasma. A β-catenina pode regular a transcrição de genes alvos envolvidos com a proliferação e, provavelmente, com a migração e a invasão celular. Em conclusão, nossos resultados mostraram uma expressão diferencial da N-caderina em células de câncer prostático independentes de andrógenos e uma localização preferencialmente citoplasmática, sugerindo alterações no processo de exocitose, endocitose e/ou reciclagem desta proteína. Além disso, a ativação dos receptores estrogênicos ESR2, mas não do ESR1, levou à diminuição da expressão da N-caderina. Com a redução dos níveis de N-caderina, há a liberação de β-catenina para o citoplasma, sua translocação para o núcleo e ativação gênica. A identificação de novas vias de sinalização intracelulares poderá ter importância no desenvolvimento de alvos terapêuticos para o tratamento do CRPC.
Andrógenos, estrógenos e as interações estroma-epitélio estão envolvidos no desenvolvimento do câncer prostático. Apesar da maioria dos cânceres prostáticos depender de andrógenos para o crescimento nos estágios iniciais e ser responsiva à terapia de ablação androgênica, em muitos casos o tumor progride para um fenótipo independente de andrógeno ou também denominado resistente à castração (CRPC), que tende a progredir e levar à metástase e contra o qual não há uma terapia efetiva. Os mecanismos envolvidos no desenvolvimento do CRPC não estão esclarecidos. Estudo do nosso laboratório mostrou a expressão dos receptores estrogênicos ESR1 (ERα) e ESR2 (ERβ) nas células PC-3, usada como modelo de CRPC. Além disso, os estrógenos desempenham um papel na proliferação das células PC-3 por meio de uma nova via de sinalização envolvendo a ativação de β-catenina mediada pelo ESR2. N-caderina está conectada via α-catenina e β-catenina ao citoesqueleto e funciona como um componente da adesão celular e como molécula sinalizadora. N-caderina tem surgido como um importante alvo terapêutico e está envolvida na regulação da proliferação, sobrevivência, invasão e metástase de células cancerígenas. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da ativação dos receptores estrogênicos na expressão e na localização de N-caderina nas células de câncer prostático independentes de andrógenos. O presente estudo utilizou as linhagens de célula de câncer prostático independente de andrógenos PC-3 (células de metástase óssea de adenocarcinoma prostático grau IV) e DU-145 (células de metástase cerebral de carcinoma prostático) e de células epiteliais de próstata (PNT1A), obtida de um homem pós-puberdade e imortalizadas com SV40. As células foram incubadas na ausência (controle) ou na presença de 17-β-estradiol (E2), agonista seletivo do ESR1 (PPT) ou agonista seletivo do ESR2 (DPN) (10 nM) por 10 e 30 minutos, e 1, 2, 24 and 48 horas. Em outros experimentos, as células foram pré-incubadas ou não com o antagonista seletivo do ESR2 (PHTPP, 10 nM) por 30 minutos e, então, incubadas com o agonista seletivo do ESR2 (DPN 10 nM) por 24 horas. Ensaios de Western blot e imunofluorescência para a detecção de N-caderina foram realizados nas células PC-3, DU-145 e PNT1A A N-caderina foi detectada preferencialmente na membrana plasmática das células PNT1A, sugerindo o envolvimento desta proteína na adesão célula-célula. A expressão de N-caderina foi maior as células PC-3 (células altamente metastáticas) do que nas células DU-145. Imunomarcação para esta proteína foi detectada preferencialmente no citoplasma destas células, sugerindo alterações no processo de exocitose, endocitose e/ou reciclagem desta proteína e o rompimento do complexo de adesão. O tratamento das células PC-3 com o 17β-estradiol (E2) ou com o agonista seletivo do ESR1 (PPT) não afetou a expressão de N-caderina. Por outro lado, o agonista seletivo do ESR2 (DPN) induziu diminuição da expressão de N-caderina nas células PC-3. Este efeito foi bloqueado pelo pré-tratamento com o antagonista seletivo do ESR2 (PHTPP), indicando o envolvimento do ESR2 na regulação da expressão da N-caderina. A ativação do ESR1 ou do ESR2 não alterou a expressão e a localização da N-caderina nas células PNT1A e DU-145. Nossos resultados, em conjunto com os obtidos anteriormente no nosso laboratório, indicam que a ativação do ESR2 diminuiu a expressão de N-caderina liberando a β-catenina para o citoplasma. A β-catenina pode regular a transcrição de genes alvos envolvidos com a proliferação e, provavelmente, com a migração e a invasão celular. Em conclusão, nossos resultados mostraram uma expressão diferencial da N-caderina em células de câncer prostático independentes de andrógenos e uma localização preferencialmente citoplasmática, sugerindo alterações no processo de exocitose, endocitose e/ou reciclagem desta proteína. Além disso, a ativação dos receptores estrogênicos ESR2, mas não do ESR1, levou à diminuição da expressão da N-caderina. Com a redução dos níveis de N-caderina, há a liberação de β-catenina para o citoplasma, sua translocação para o núcleo e ativação gênica. A identificação de novas vias de sinalização intracelulares poderá ter importância no desenvolvimento de alvos terapêuticos para o tratamento do CRPC.
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