Prevalência De Crioglobulinemia E Vasculite Crioglobulinêmica Em Pacientes Portadores De Hepatite C Crônica Acompanhados Em Serviço De Referência

Data
2017-11-30
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
ABSTRACT Background. It has been estimated that between 130 and 170 million people are chronically infected by hepatitis C virus worldwide and up to two thirds of HCV-infected patients will experience extrahepatic manifestations, with cryoglobulinaemia being the most frequent. The cryoglobulinaemic vasculitis (CryoVas) is a systemic vasculitIs that mainly affects small-sized vessels and it is secondary to HCV infection in 80% of the cases. The expression of CrioVas varies from mild symptoms to more severe manifestations and constitutes a formal indication of antiviral therapy. Objective. To evaluate the prevalence of cryoglobulinaemia and CryoVas in HCV-infected patients followed at an outpatient clinic specialized in hepatitis treatment in São Paulo, Brazil, between 2016 and 2017. Methods. A cross-sectional study was conducted and included sixty-eight viremic HCV patients with age above 18 years, without HIV or hepatitis B coinfection. A thorough clinical and laboratorial evaluation was perfomed. Circulating cryoglobulins and rheumatoid factor were detected and serum levels of total hemolytic complement (CH100), hemolytic C2 (C2h), C3 and C4 were measured. Cryoglobulins were immunochemically characterised by immunoelectrophoresis. Fifty-four patients underwent liver biopsy. The classification criteria for cryoglobulinaemic vasculitis were applied. Results. The study's population comprised mainly middle-aged women with prolonged HCV infection (> 10 years) and advanced hepatic fibrosis was detected in 11.8% of the cases. Almost 60% of the patients had never been treated before, while 40% had received interferon-alfa based treatment, associated to ribavirin, with or without a first generation protease inhibitor, such as boceprevir or telaprevir. Cryoglobulins were detected in 33 patients (48.5%) with type III cryoglobulinemia being the most frequent type. CryoVas was present in 7 patients (10.3%) and the clinical manifestations were in order of frequency periferic neuropathy, palpable purpura, arthralgias and renal disease. Life-threatening manifestations were rare in our patients population. Low C2h, C4 and CH100 levels were a common finding in CrioVas group. There were no associations found between age, gender, HCV genotype or liver biopsy findings and the presence of cryoglobulinemia or CryoVas. Conclusions. Brazilian patients chronically infected by HCV have cryoglobulinaemia and CryoVas in a frequency as high as the rates described in specialized European centers. Clinically, there was a predominance of non life-threatening manifestations, specially peripheral neuropathy. Further studies, with a larger number of patients and with a longitudinal design would be helpful to better describe the outcomes of Brazilian patients with cryoglobulinaemia and CryoVas.
Introdução. Estima-se que 130 a 170 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV) no mundo e mais de 2/3 desses pacientes vão desenvolver manifestações extra-hepáticas, sendo a crioglobulinemia a mais frequente. A vasculite crioglobulinêmica (CrioVas) é uma vasculite sistêmica predominantemente de pequenos vasos e está relacionada ao HCV em 80% dos casos. A CrioVas tem expressão clínica variável e constitui uma indicação formal de tratamento antiviral. Objetivo. Avaliar a prevalência de crioglobulinemia e de CrioVas nos pacientes com hepatite C crônica acompanhados em ambulatório de referência no tratamento de hepatites, na cidade de São Paulo, Brasil, entre 2016 e 2017. Métodos. Foi realizado estudo transversal, que incluiu sessenta e oito pacientes virêmicos com hepatite C, maiores de 18 anos, sem coinfecção com HIV ou hepatite B. Foi realizada avaliação clínico-laboratorial completa com detecção de crioglobulinas e fator reumatoide, além de verificação de níveis séricos do complemento hemolítico total (CH100) e dos componentes C2 hemolítico (C2h), C3 e C4. As crioglobulinas foram caracterizadas por imunoeletroforese. Cinquenta e quatro pacientes haviam sido previamente submetidos à biópsia hepática. Foram aplicados os critérios classificatórios para CrioVas. Resultados. A população do estudo foi composta principalmente por mulheres de meia-idade, com infecção prolongada (> 10 anos) pelo HCV e fibrose hepática avançada em 11,8% dos casos. Quase 60% dos pacientes não haviam recebido tratamento para o HCV, enquanto 40% restantes haviam recebido tratamento à base de interferon-alfa e ribavirina com ou sem um inibidor de protease de primeira geração, como boceprevir ou telaprevir. Crioglobulinas estavam presentes em 48,5% dos pacientes, sendo o tipo III a forma mais encontrada. A prevalência de CrioVas foi de 10,3%, e as principais manifestações clínicas foram neuropatia periférica, púrpura palpável, artralgias, glomerulonefrite. Acometimentos graves foram raros. Consumo de C2h, C4 e CH100 foi maior no grupo com CrioVas. Não foram encontradas associações entre idade, sexo, genótipo do HCV ou resultado da biópsia hepática com a presença de crioglobulinemia ou CrioVas. Conclusões. Pacientes brasileiros com infecção crônica pelo HCV têm frequência de crioglobulinemia e CrioVas semelhante ao descrito em centros europeus. Estudos posteriores, com um número maior de participantes e com acompanhamento longitudinal, poderão ajudar a delinear melhor a evolução desses pacientes.
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