Substitutos vítreos na cirurgia vitreorretiniana: óleo de silicone e alterantivas experimentais
Data
2024-12-05
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivos: Estudo 1: O objetivo foi avaliar a biocompatibilidade de hidrogel de álcool polivinílico (PVA) reticulado com trimetafosfato trissódico (SMTP) em olhos de coelho vitrectomizados. Estudo 2: descrever evolução clínica e complicações do uso de óleo de silicone pesado (Oxane HD®) em série de casos de pacientes com descolamento de retina com proliferação vitreorretiniana e descolamento de retina tracional. Estudo 3: descrever técnica cirúrgica para remoção de óleo de silicone pesado (Oxane HD®) para minimizar complicações cirúrgicas e óleo de silicone residual. Estudo 4: descrever em forma de revisão narrativa as complicações do óleo de silicone. Métodos: Estudo 1: 7 coelhos foram submetidos a vitrectomia via pars plana com o uso de hidrogel de álcool polivinílico (PVA) reticulado com trimetafosfato trissódico (SMTP) como substituto vítreo. Foram realizados exame clínico, retinografia, angiofluoresceinografia, tomografia de coerência óptica e eletrorretinografia após 7 e 30 dias. O olho contralateral foi usado como controle e foram realizadas análises histológicas posteriormente. Estudo 2: estudo retrospectivo e observacional de 31 pacientes submetidos a vitrectomia por descolamento de retina com proliferação vitreorretiniana e descolamento de retina tracional com o uso de óleo de silicone pesado (Oxane HD®) entre agosto de 2014 e agosto de 2023. Foi considerado sucesso anatômico a ausência de descolamento de retina em 1 mês. Estudo 3: descreveu-se técnica cirúrgica de remoção de óleo de silicone pesado sob visualização direta com iluminação acessória. Uma agulha de 18 gauge mantém aspiração contínua enquanto outra faz remoção passiva pelas esclerotomias nasal e temporal. A agulha deve ser mantida dentro da bolha durante todo o procedimento. Estudo 4: foi realizada revisão de literatura envolvendo óleo de silicone, óleo de silicone de alta densidade e substitutos vítreos. Resultados: Estudo 1: observou-se opacificação do hidrogel PVA/SMTP intravítreo e redução da resposta eletrofisiológica escotópica de bastonetes, das ondas b de resposta fotópica de cones e do flicker. Análise histológica evidenciou desestruturação retiniana, presença de células multinucleadas e partículas de hidrogel intravítreo. Estudo 2: 29 (93,5%) dos pacientes apresentavam descolamento de retina regmatogenico e 2 (7,5%) apresentavam descolamento de retina tracional. O sucesso anatômico primário foi atingido em 27 (87,1%) dos pacientes. Na última visita, 17 (56,6%) dos pacientes apresentava acuidade visual melhor que 20/400 (variação de 20/30 a percepção luminosa). A visão permaneceu estável ou havia melhorado em 22 (76,8%) pacientes na última visita. 19 (61,3%) pacientes apresentaram hipertensão ocular enquanto estavam com o óleo de silicone intravítreo sendo que 12 (38.7%) pacientes persisitiram com o uso de hipotensor na última visita. 3 (9,7%) pacientes necessitaram de procedimentos antiglaucomatosos adicionais. Estudo 3: adequação da técnica de remoção de óleo de silicone pesado com técnica bimanual é segura e reduz riso de entupimento e consequente bolha residual no polo posterior. Assim, preveni-se complicações intraoperatórias como roturas iatrogênicas. Estudo 4: o artigo descreve propriedades físico-químicas dos óleos de silicone, e complicações pos-operatórias como descompensação corneana, glaucoma, hipotonia, catarata e neuropatia óptica. Descreve ainda implicações de complicações relacionadas a técnica cirúrgica como preenchimento incompleto ou excessivo da cavidade vítrea com o óleo de silicone, emulsificação e migração para câmara anterior, óleo de silicone ‘sticky’, formação de proliferação vitreorretiniana simulando membrana epirretiniana, descolamento de retina recorrente, perda visual inexplicada associada ao óleo de silicone e o uso de óleo de silicone permanentemente. Um breve relato de potenciais substitutos vítreos é apresentado. Conclusões: Estudo 1: o uso do hidrogel de PVA/SMTP apresentou opacificação intravítrea, alteração histológica e redução eletrofisiológica sugestivas de toxicidade retiniana. Estudo 2: o uso de óleo de silicone pesado (Oxane HD®) é seguro e útil em casos de descolamento de retina inferior com proliferação vitreorretiniana. A hipertensão intraocular é frequente e normalmente controlada clinicamente com uso de hipotensores tópicos. O manejo pós-operatório demanda acompanhamento próximo devido ao risco de glaucoma e emulsificação. Estudo 3: a técnica de remoção de óleo de silicone pesado (Oxane HD®) bimanual sob visualização direta é capaz de remover todo o óleo de silicone sem necessidade de aproximar a aspiração do polo posterior. Estudo 4: a decisão do substituto vítreo é baseada na severidade de cada caso e pela experiencia do cirurgião. As complicações potenciais do uso de óleo de silicone não devem ser subestimadas. A busca por novos substitutos vítreos é essencial para minimizar o risco de sequela visual permanente.
Descrição
Citação
OLIVEIRA, Ramon Antunes de. Substitutos vítreos na cirurgia vitreorretiniana: óleo de silicone e alterantivas experimentais. 2024. 82 f. Tese (Doutorado em Oftalmologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2024.