Determinantes sociobiológicos da insegurança alimentar em residências com crianças menores de cinco anos: pesquisa nacional de demografia e saúde da criança e da mulher (PNDS - 2006/07)

Data
2016-05-20
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Food Security is the right to regular and permanent access to nutritionally adequate food in sufficient quantity, without compromising access to other essential needs, based on food practices that promote health. The Brazilian Food Insecurity Scale (EBIA) is a psychometric scale that directly measures food insecurity at the household level, classifying it as mild, moderate or severe. The National Survey on Demography and Health of Women and Children (PNDS-2006/07) was a national household survey, which together with indicators and measurement instruments in various areas, described Food Security prevalence. PNDS-2006/07 secondary data was used to analyze the association between food insecurity and sociodemographic and biological variables among Brazilian households with children under five years of age.The food security variable was dichotomized as food security or mild food insecurity (SA/IAL) versus moderate or severe food insecurity (IAM/G), and the first paper results showed high prevalence of SA/IAL concentrated in the North (N) or Northeast (NE) (30.7%), in economic classes D or E (34%), and beneficiaries of Cash Transfer Programs (PTR) (36.5%). The multivariate analysis model found that social risks (beneficiary PTR), regional risks (N/NE) and economic risks (classes D or E) were 1.8, 2.0 and 2.4, respectively. By aggregating the three risks we found 48% of households in SA/IAL, meaning that adult and children experienced hunger during the three months period preceding the survey. Second paper describes high prevalence of IAM/G (Food Insecurity) in households where mothers had fewer than 8 years of education (25.7%), lived without a partner (25.9%), or had three or more children living under the same roof (29.3%). In addition, it showed high prevalence of Food Insecurity in households with children under five, who have had at least one episode of diarrhea or pneumonia during the three months prior to interview (25.9%), had weight-for-age <-2.0Z (32.1%), or had not eaten meat (20.5%) or fruits and vegetables every day in the past seven days before interview (19.3%). Independently of geographic location (macro-region and urban-rural classification) and household variables (economic status, cash transfer program, living conditions, maternal education, marital status and number of children), the multivariate analysis model showed association between health of children living in food-insecure households and having had at least one hospitalization for diarrhea or pneumonia within the twelve months before the interview (aPR 1.3; 95%CI 1.1; 1.6), underweight shown by weight-for-age WAZ<-2.0Z (aPR 1.4, 95%CI 1.1; 1.7), and having not eaten meat (aPR 1.2, 95%CI 1.1; 1.4) or fruits & vegetables every day in the past seven days prior to interview (aPR 1.7, 95%CI 1.3; 2.3). There is a relationship between living in moderate or severe food insecurity and objective adverse child health outcomes. These relationships are shaped by the environment where the child is inserted, and may represent an important factor in the transmission of socioeconomic inequality across generations, impacting negatively on the prosperity of future Brazilian citizens.
A Segurança Alimentar e Nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente à alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde. A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) é uma escala psicométrica que mede diretamente a insegurança alimentar em nível domiciliar, classificando-a em leve, moderada ou grave. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS-2006/07) foi um dos inquéritos nacionais que, em conjunto com indicadores e instrumentos de mensuração em diversas áreas, utilizou a EBIA para descrever as prevalências de Segurança Alimentar e Nutricional na população. Dados secundários da PNDS-2006/07 foram utilizados para analisar a associação entre insegurança alimentar e variáveis sociodemográficas e biológicas em domicílios brasileiros com crianças menores de cinco anos. A variável segurança alimentar foi dicotomizada em segurança alimentar ou insegurança alimentar leve (SA/IAL) versus insegurança alimentar moderada ou grave (IAM/G), os resultados do primeiro estudo apontaram para alta prevalência de IAM/G concentrada nas regiões Norte ou Nordeste (N/NE) (30,7%), nas classes econômicas D ou E (34%) e em beneficiários de Programas de Transferência de Renda (PTR) (36,5%). O modelo de análise multivariada constatou que os riscos sociais (beneficiário de PTR), regionais (N/NE) e econômicos (classes D e E) eram de 1,8, 2,0 e 2,4, respectivamente. Agregando-se os três riscos observou-se que 48% dos domicílios encontravam-se em IAM/G, ou seja, crianças e adultos experimentaram a sensação de fome nos três meses anteriores ao inquérito. O segundo estudo mostrou alta prevalência de IAM/G (Food Insecurity) entre domicílios com mulheres com escolaridade menor que 8 anos de estudo (25,7%), que viviam sem parceiro (25,9%) e que conviviam com três ou mais crianças residindo sob o mesmo teto (29,3%). Em adição, demonstrou alta prevalência de IAM/G em residências com crianças menores de 5 anos, as quais tiveram pelo menos uma hospitalização por diarreia ou pneumonia nos três meses anteriores à entrevista (25,9%), tinham peso-para-idade <-2,0Z (32,1%) ou não comeram carne (20,5%) ou frutas, verduras e legumes diariamente nos sete dias anteriores à entrevista (19,3%). Independente das variáveis demográficas (macrorregião e situação de domicílio) e domiciliares (classificação econômica, PTR, condições de moradia, escolaridade materna, estado civil e número de crianças), o modelo de análise multivariada mostrou associação entre desfechos de saúde de crianças menores de cinco anos residindo em domicílios com IAM/G e pelo menos uma hospitalização por diarreia ou pneumonia nos doze meses anteriores à entrevista (RP 1,3, IC95% 1.1; 1.6), desnutrição segundo o indicador peso-para-idade WAZ<-2.0Z (RP 1,4, IC95% 1,1; 1,7) e não comer carnes (RP 1.2, IC95% 1,1; 1,4) ou frutas, verduras e legumes (RP 1.7, IC95% 1,3; 2,3) nos sete dias anteriores à entrevista. Encontrou-se associação entre viver em insegurança alimentar moderada ou grave e efeitos adversos diretos à saúde em crianças menores de cinco anos. Essa relação, moldada pelo ambiente em que a criança vive, pode representar um fator importante na transmissão intergeracional da desigualdade econômica, impactando negativamente na prosperidade dos futuros cidadãos brasileiros.
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FONSECA, Ana Paula Poblacion da. Determinantes sociobiológicos da insegurança alimentar em residências com crianças menores de cinco anos: pesquisa nacional de demografia e saúde da criança e da mulher (PNDS - 2006/07). 2016. 82 f. Tese (Doutorado em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2016.
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