Associação entre o uso prolongado de omeprazol e a deficiência de vitamina B12, ferro e magnésio em indivíduos muito idosos independentes
Data
2021
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
The aim of this study was to investigate the association between long-term use of omeprazole and magnesium, vitamin B12 and iron deficiency. Therefore, people aged ≥80 years and functionally independent, participating in the Longevous Project (Discipline of Geriatrics and Gerontology, EPM/UNIFESP), were followed retrospectively for 2 years. Users of stomach acid suppressants, other than omeprazole, and dietary supplements containing the micronutrients of interest, and those with hematological diseases and health conditions that may interfere with the absorption of these micronutrients, were excluded. We obtained primary data, from serum aliquots, and secondary data, from medical record, at baseline (T0) and after 1 (T1) and 2 (T2) years of follow-up. Information on the use of medications was self-reported. The individuals were divided between users (OMP group) and non-users (CTR group) of omeprazole. Levels of the micronutrients of interest (magnesium, vitamin B12, ferritin, transferrin saturation and iron) were quantified in serum samples. Differences in their levels over time were investigated using Friedman's analysis of variance. The accumulated incidence of magnesium deficiency (<0.7mM), vitamin B12 (150ρM) and iron (ferritin <30μg/L) were calculated at T1 and T2. Logistic regression models calculated the odds ratio for the development of deficiency between the OMP and CTR groups. In relation to T0, vitamin B12 levels decreased at T2 both in the OMP (P=.001) and CTR (P=.003) groups; transferrin saturation decreased at T2 only in the OMP group (P=.025). The levels of the other micronutrients did not change over time. The incidence of magnesium, vitamin B12 and iron deficiency did not differ between the OMP and CTR groups at T1 or T2. There was no significant odds ratio between the use of omeprazole and magnesium, vitamin B12 or iron deficiency in T1 or T2. These effect estimates were tested for moderation effects for the following covariates: gender, age, Charlson's comorbidity index, presence of diseases (type 2 diabetes mellitus, neoplasms, thyroid diseases or diseases for which omeprazole use is indicated), kidney function, ultra-sensitive c-reactive protein and the use of medications (diuretics, metformin, non-steroidal anti-inflammatory drugs, antithrombotics, calcium and vitamin D); no moderation effect was found. This work contributes to the understanding of the relationship between the use of proton pump inhibitors and the deficiency of magnesium, vitamin B12 and iron, whose causality remains controversial.
O objetivo deste estudo foi o de investigar a associação entre o uso prolongado de omeprazol e a deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro. Para tanto, idosos ≥80 anos e funcionalmente independentes, participantes do Projeto Longevos (Disciplina de Geriatria e Gerontologia, EPM/UNIFESP), foram acompanhados retrospectivamente durante 2 anos. Foram excluídos os usuários de supressores da acidez estomacal, que não o omeprazol, e de suplementos alimentares contendo os micronutrientes de interesse, e aqueles com doenças hematológicas e condições de saúde que podem interferir na absorção destes micronutrientes. Foram obtidos dados primários, de alíquotas de soro, e secundários, do prontuário, na linha de base (T0) e após 1 (T1) e 2 (T2) anos de acompanhamento. Informações sobre o uso de medicamentos foram autoreferidas. Os indivíduos foram divididos entre usuários (grupo OMP) e não usuários (grupo CTR) de omeprazol. Concentrações dos micronutrientes de interesse (magnésio, vitamina B12, ferritina, saturação da transferrina e ferro) foram quantificadas em amostras de soro. Diferenças nas suas concentrações ao longo do tempo foram investigadas por meio de análise de variância de Friedman. As incidências acumuladas de deficiência de magnésio (<0,7mM), vitamina B12 (150ρM) e ferro (ferritina <30μg/L) foram calculadas em T1 e T2. Modelos de regressão logística calcularam a razão de chances para o desenvolvimento de deficiência entre os grupos OMP e CTR. Em relação a T0, as concentrações de vitamina B12 diminuíram em T2 tanto no grupo OMP (P=0,001) como no CTR (P=0,003); a saturação de transferrina diminuiu em T2 apenas no grupo OMP (P=0,025). As concentrações dos demais micronutrientes não mostraram alterações ao longo do tempo. As incidências de deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro não diferiram entre os grupos OMP e CTR em T1 ou T2. Não houve razão de chances significativas entre o uso de omeprazol e a deficiência de magnésio, vitamina B12 ou ferro em T1 ou T2. Essas estimativas de efeito foram testadas para efeitos de moderação das seguintes covariáveis: gênero, idade, índice de comorbidade de Charlson, presença de doenças (diabetes mellitus tipo 2, neoplasias, doenças da tiroide ou doenças para as quais há indicação de uso do omeprazol), função renal, proteína C-reativa ultrassensível e o uso de medicamentos (diuréticos, metformina, anti-inflamatórios não esteróides, antitrombóticos, cálcio e vitamina D); nenhum efeito de moderação foi encontrado. Este trabalho contribui para o entendimento da relação entre o uso de inibidores da bomba de prótons e a deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro, cuja causalidade permanece controversa.
O objetivo deste estudo foi o de investigar a associação entre o uso prolongado de omeprazol e a deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro. Para tanto, idosos ≥80 anos e funcionalmente independentes, participantes do Projeto Longevos (Disciplina de Geriatria e Gerontologia, EPM/UNIFESP), foram acompanhados retrospectivamente durante 2 anos. Foram excluídos os usuários de supressores da acidez estomacal, que não o omeprazol, e de suplementos alimentares contendo os micronutrientes de interesse, e aqueles com doenças hematológicas e condições de saúde que podem interferir na absorção destes micronutrientes. Foram obtidos dados primários, de alíquotas de soro, e secundários, do prontuário, na linha de base (T0) e após 1 (T1) e 2 (T2) anos de acompanhamento. Informações sobre o uso de medicamentos foram autoreferidas. Os indivíduos foram divididos entre usuários (grupo OMP) e não usuários (grupo CTR) de omeprazol. Concentrações dos micronutrientes de interesse (magnésio, vitamina B12, ferritina, saturação da transferrina e ferro) foram quantificadas em amostras de soro. Diferenças nas suas concentrações ao longo do tempo foram investigadas por meio de análise de variância de Friedman. As incidências acumuladas de deficiência de magnésio (<0,7mM), vitamina B12 (150ρM) e ferro (ferritina <30μg/L) foram calculadas em T1 e T2. Modelos de regressão logística calcularam a razão de chances para o desenvolvimento de deficiência entre os grupos OMP e CTR. Em relação a T0, as concentrações de vitamina B12 diminuíram em T2 tanto no grupo OMP (P=0,001) como no CTR (P=0,003); a saturação de transferrina diminuiu em T2 apenas no grupo OMP (P=0,025). As concentrações dos demais micronutrientes não mostraram alterações ao longo do tempo. As incidências de deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro não diferiram entre os grupos OMP e CTR em T1 ou T2. Não houve razão de chances significativas entre o uso de omeprazol e a deficiência de magnésio, vitamina B12 ou ferro em T1 ou T2. Essas estimativas de efeito foram testadas para efeitos de moderação das seguintes covariáveis: gênero, idade, índice de comorbidade de Charlson, presença de doenças (diabetes mellitus tipo 2, neoplasias, doenças da tiroide ou doenças para as quais há indicação de uso do omeprazol), função renal, proteína C-reativa ultrassensível e o uso de medicamentos (diuréticos, metformina, anti-inflamatórios não esteróides, antitrombóticos, cálcio e vitamina D); nenhum efeito de moderação foi encontrado. Este trabalho contribui para o entendimento da relação entre o uso de inibidores da bomba de prótons e a deficiência de magnésio, vitamina B12 e ferro, cuja causalidade permanece controversa.