Efeitos de mindfulness no padrão de uso crônico de hipnóticos e na insônia entre mulheres insones que buscam por tratamento

Data
2017-10-26
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Objectives: 1) To evaluate the profile of women who chronically use hypnotics and seek for treatment, and the association between hypnotics dependence and dispositional mindfulness in this population. 2) To evaluate the impact of the Mindfulness-Based Relapse Prevention program on the insomnia and hypnotics reduction in this population, over six months postintervention, in a clinical setting. Methods: The research was composed by two studies. The Study 1 was a cross-sectional study and comprised a sample of 76 women in chronic use of hypnotics who lived in São Paulo and voluntarily sought the MBRP program for the reduction or cessation of hypnotics use after disclosure of the project in the media. They answered questionnaires about demographics, dispositional mindfulness (FFMQ-BR), hypnotics dependence (BENDEP-SRQ-PV), insomnia severity (ISI) and anxiety trait (STAI-T). Study 2 was a randomized controlled trial and its sampla was composed by the participants of Study 1. After 6 dropouts, 70 participants were randomized to intervention group – IG (36), which received the MBRP program; and control group- CG (34), that was in the waitlist, having received phone monitoring about the hypnotics use during the 8 weeks, while the IG received the intervention. Every participant received a psychiatric consultation for instruction about the hypnotics tapering and a psychoeducational group session based on the Motivational Interviewing about the chronic use of hypnotics, previously to the intervention. We repeated the measures every two months after the intervention, totaling 8 months of follow-up. Twenty eight participants from the CG and 23 participants of the IG concluded the study. Results: Study 1 – Most of the sample (85.3%) was under medical prescription of hypnotics, from those, in 55.6% of the cases, the doctor frequently evaluated the side effects or effects of the medicine on the patients sleep. Although most of them were using under medical prescription, the dependence indices ranged from high to very high in all dependence subscales. The most used medicine was the Zolpidem (41.3%) and the median of the time of hypnotic’s use was 30 months (IQR=51). In the baseline, the level of dispositional mindfulness, especially in the “observe” and “non-reactivity to inner experience” dimensions, was inversely associated to the hypnotic’s dependence in every dimension, except to the “problematic use” dimension. Study 2 – in the clinical trial we observed that the IG reduced the dosage significantly more than the CG in the T1 [b=2,22; CI (0,26;4,19) p=0,027]. This difference was no longer significant on the next follow-ups, once the CG also continued to reduce the use. Regarding the insomnia, there was a significant reduction of its severity in the IG, but not in the CG, on the 3rd [b=4,33; IC (1,75;6,91) p=0,0001] and 4th follow-ups [b=3,65; IC (1,07;6,22) p=0,005], even when the analyses were adjusted by time, group, interaction between time and grou, insomnia severity in the baseline, anxiety (trait), menopause and depression symptoms. Conclusion: The mindfulness abilities, specially “observe” and “non-react” were potential protective factors to hypnotic’s dependence in the cross-sectional study. These data were corroborated by the clinical trial, once the intervention favored the hypnotic’s tapering, also contributing to the reduction of the insomnia severity on the long-term. These data show preliminary evidence on the mindfulness-based interventions for the chronic hypnotic’s use, paving the way for a new therapeutic possibility to the reduction of inappropriate consumption of these medicines. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT02127411
Objetivos: 1) Avaliar o perfil de mulheres usuárias crônicas de hipnóticos que buscam por tratamento e a associação entre dispositional mindfulness e a dependência de hipnóticos nesta população 2) avaliar o impacto do programa Mindfulness-Based Relapse Prevention (MBRP) na insônia e na cessação ou redução do uso de hipnóticos nesta população ao longo de seis meses pós intervenção em ambiente clínico de pesquisa. Métodos: A pesquisa foi composta por dois estudos. O Estudo 1, de caráter transversal, compreendeu uma amostra de 76 mulheres, residentes no município de São Paulo, em uso crônico de hipnóticos, que voluntariamente procuraram o programa MBRP para a redução ou cessação do uso de hipnóticos após divulgação do projeto em mídias diversas. Foram coletadas informações sobre dados sociodemográficos, níveis de mindfulness (FFMQ-BR), dependência de hipnóticos (BENDEP-SRQ-PV), severidade da insônia (ISI) e traço de ansiedade (IDATE-T). O Estudo 2 caracterizou-se como um ensaio clínico randomizado, sendo realizado a partir das mulheres participantes do Estudo 1. Após 6 desistências, 70 participantes foram randomizadas entre grupo intervenção – GI (36), que recebeu o programa MBRP; e grupo controle- GC (34) do tipo lista de espera, o qual recebeu monitoramento telefônico sobre o uso de hipnóticos durante as 8 semanas, de maneira similar ao GI. Previamente à intervenção, ambos os grupos passaram separadamente por avaliação psiquiátrica individualizada para indicação de retirada do hipnótico e para uma intervenção psicoeducacional em grupo (Entrevista Motivacional) sobre o uso crônico de hipnóticos. As medidas foram repetidas aos dois, quatro e seis meses após a intervenção, totalizando oito meses de follow-up. Concluíram o estudo, 28 participantes do GC e 23 participantes do GI. Resultados: Estudo 1 - A maioria da amostra (85,3%) fazia uso de hipnóticos sob prescrição médica, sendo que, destes, em 55,6% dos casos o médico prescritor avaliava rotineiramente os efeitos do medicamento sobre o sono e os potenciais efeitos colaterais ou adversos do medicamento. Embora a maioria das mulheres participantes fizesse uso prescrito de hipnóticos, os índices de dependência variavam de alto a muito alto em todas as subescalas de dependência. O hipnótico mais utilizado foi o Hemitartarato de Zolpidem (41,3%) e a mediana de tempo de uso de hipnóticos foi de 30 meses (IQR=51). Na linha de base, o nível de mindfulness, especialmente nas dimensões “observar” e “não reagir à experiência interna”, foi inversamente associado à dependência de hipnóticos em todas as dimensões, exceto à dimensão “consciência do uso problemático”. Estudo 2 - a partir dos dados do ensaio clínico, no T1 (imediatamente após a intervenção) foi observada redução da dosagem do hipnótico significativamente maior no GI comparada ao GC [b=2,22; IC (0,26;4,19) p=0,027]. Essa diferença deixou de ser significativa nos demais follow-ups, uma vez que o GC também continuou reduzindo o uso. Com relação à insônia, houve uma redução significativa da severidade no GI, em relação ao GC, nos follow-ups 3 [b=4,33; IC (1,75;6,91) p<0,001] e 4 [b=3,65; IC (1,07;6,22) p=0,005], mesmo quando o modelo foi ajustado pelo tempo, grupo, interação entre tempo e grupo, severidade da insônia na linha de base, ansiedade (traço), menopausa, gravidade dos sintomas decorrentes da menopausa e sintomas de depressão. Conclusão: As habilidades de mindfulness, especialmente observar e não reagir, mostraram-se como potenciais fatores de proteção para a dependência de hipnóticos no estudo transversal. Este dado foi corroborado pelo ensaio clínico, uma vez que a intervenção favoreceu a diminuição do uso de hipnóticos, contribuindo também para a redução da severidade da insônia em longo prazo. Estes dados trazem evidência preliminar da eficácia das Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) no uso crônico de hipnóticos, abrindo uma nova possibilidade terapêutica para a diminuição do consumo inadequado desses medicamentos. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT02127411
Descrição
Citação
BARROS, Viviam Vargas De. Efeitos de mindfulness no padrão de uso crônico de hipnóticos e na insônia entre mulheres insones que buscam por tratamento. Tese (Doutorado em Ciências) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2017.
Pré-visualização PDF(s)